28 MAR 2024 | ATUALIZADO 17:59
MOSSORÓ
Leonardo Matoso e Erika Milleny Da Agência HiperLAB/UERN Especial para o Mossoró Hoje
22/06/2019 21:17
Atualizado
22/06/2019 22:02

Falta de reparos na malha viária prejudica ônibus e põem usuários em risco

“Os percursos que os ônibus fazem são cheios de buracos (…) o carro bambeia todo (…) com isso, o parafuso vai soltando, aí chega um ponto que cai uma peça", explica a direção da empresa
Foi um grande susto. Graças a Deus os cortes foram leves, mas isso é um risco, imagina se fosse uma criança?”, alerta Aline.
FOTOS: LEONARDO MATOSO

Do ponto de ônibus ao destino do passageiro, andar de ônibus é mais do que cumprir trajeto, é um teste de paciência. Esse teste é posto em prática diariamente pelos cidadãos que utilizam o transporte público e precisam lidar dificuldades do cotidiano.  

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Esses problemas podem ser pequenos, como superlotação, chegar atrasado ao ponto desejado, ou não parar no local correto devido as falhas no sistema de alarme.

Ou então, podem ser maiores, como avenidas esburacadas, falta de reparos estruturais nos veículos e até mesmo acidentes de percursos dentro do próprio ônibus.

Como foi o caso de Aline Bezerra de Lima, de 36 anos, que estava voltando do trabalho na linha 2, no dia 9 de abril de 2019, quando um vidro estourou cortando mão, braços e ombros da passageira.

Aline relata que o vidro estourou enquanto ela aguardava, e assustou todos os passageiros. Eu peguei o ônibus que vai para os Abolições e quando estávamos na rua da Cobal, a janela estourou do nada. Foi um grande susto. Graças a Deus os cortes foram leves, mas isso é um risco, imagina se fosse uma criança?”, alerta Aline.

O estudante de Física da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), Sandro Oliveira, de 19 anos, informou que esse não foi um evento isolado.

Outros vidros chegaram a quebrar este ano, só que nenhum havia ferido passageiros. Segundo Sandro, que estava pela segunda vez em um ônibus com o mesmo incidente, os vidros podem estar quebrando por causa da falta de reparos ou devido os buracos nas ruas.

Além disso, o estudante desabafa “as tarifas de ônibus que pagamos é cara, o mínimo que precisamos é andar de ônibus com qualidade e eles precisam ser vistoriados. Não pode ficar dessa forma. Cadê os reparos?”.


Sobre os reparos, Waldemar Araújo, afirmou que existem diariamente revisões preventivas e corretivas em todos os transportes públicos. Porém, a precariedade das rotas dificulta o bem-estar dos ônibus, desde quebras de molas, até o rápido desgaste dos pneus.

“Os percursos que os ônibus fazem são cheios de buracos (…) o carro bambeia todo (…) com isso, o parafuso vai soltando, aí chega um ponto que cai uma peça. Têm peças caindo todo dia e estamos reparando. Vários itinerários nossos tem trechos que é uma tristeza, cheio de crateras que nem carro e nem moto passariam. Já os ônibus não podem mudar de rota, todos os dias precisam trafegar pelo mesmo canto, isso compromete toda estrutura”, relatou.

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O diretor da empresa Cidade do Sol reitera ainda, que cada conserto corretivo é causado por quebras em consequência do percurso e esse não é um custo previsto no orçamento.

“A tarifa cobrada nos ônibus é para custear a estrutura e ela é tabelada inicialmente pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), depois ela é calculada com a rota de percurso e a quantidade de passageiros pagantes. Há em média 8000 mil passageiros pagantes por dia, de segunda a sexta, nos fins de semana essa média cai para 5000 mil.


O baixo número de passageiros aumenta a tarifa e diminui a vontade de investimento partida do município, o que transforma a visão para com o transporte público algo que não terá melhorias, isso desqualifica a existência do coletivo, fazendo a população ir procurar meios mais confortáveis para se locomover”.

Esse outro modo de locomoção tem causado um ciclo vicioso, o passageiro não utiliza mais os ônibus, pois não há melhorias. Não há melhorias porque não há um maior investimento, e não há um maior investimento porque o passageiro não utiliza. E assim acontece uma estrutura fraca, onde janelas estouram, portas não abrem e aviso para paradas não funcionam.

Essa estrutura fraca não acontece apenas pela falta de revisão, é resultado de uma ampla carência de investimentos. Falta recursos para os ônibus e educação urbana dos cidadãos. Portanto, para modificar e realizar melhorias no transporte público é preciso repensar a questão da mobilidade urbana e democratização do acesso. Além disso, é necessário analisar a política de investimentos em transporte público, modernizando-o e garantindo o seu acesso à população de forma plural, pensando na qualidade de vida e bem-estar das pessoas que usufruem dos coletivos.


*A agência HiperLAB Uern é uma ação do Laboratório de Narrativas Hipermídia (HiperLAB), projeto de extensão do curso de Jornalismo da Uern, coordenado pelo professor Ms. Esdras Marchezan

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