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ECONOMIA
COM INFORMAÇÕES DO G1
21/06/2019 09:35
Atualizado
21/06/2019 09:35

Desemprego entre jovens chega a 40% em alguns estados brasileiros

No Rio Grande do Norte esse índice chega 29,6%. Com os trabalhadores mais novos fora do mercado de trabalho, haverá menos contribuição para o sistema previdenciário e, portanto, um prejuízo ainda maior para as contas da previdência, aponta estudo.
O número de jovens entre 18 e 24 anos foram do mercado de trabalho é o maior número já registrado desde que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio (Pnad) começou a ser apurada, em 2012.
FOTO: MARLON COSTA/PERNAMBUCO PRESS

Os jovens brasileiros estão sendo os mais afetados pela deterioração do mercado de trabalho. No primeiro trimestre deste ano, 41,8% da população de 18 a 24 anos fazia parte do grupo dos subutilizados.

Esse grupo representa as pessoas que estavam desempregadas, desistiram de procurar emprego ou tinham disponibilidade para trabalhar por mais horas na semana.

Em números absolutos, são 7,337 milhões de jovens brasileiros subutilizados, o maior número já registrado desde que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio (Pnad) começou a ser apurada em 2012, que na época era de 4,26 milhões.

Historicamente, a subutilização de brasileiros de 18 a 24 anos é sempre maior no mercado de trabalho, mas em momentos de crise essa tendência se agrava porque os jovens têm menos experiências e baixa qualificação. Portanto, são os mais vulneráveis aos momentos de crise.

E, com menos jovens entrando no mercado, cairá a contribuição para o sistema previdenciário, levando prejuízo ao sistema já deficitário.

O quadro mais difícil para os jovens fica evidente quando se compara o crescimento da população de subocupados de 18 a 24 anos em relação ao total dos brasileiros.

Entre 2012 e o primeiro trimestre de ano, a fatia de subocupados na economia brasileira passou de 20,9% para 25%, enquanto entre os jovens de 18 a 24 anos o aumento foi de 30,1% para 41,8%.

“O mercado de trabalho continua restritivo, mas, sobretudo, para os mais jovens”, afirma o economista da Tendências e responsável pelo levantamento, Thiago Xavier.

ESTADOS

A situação é mais grave para os jovens do Amapá e do Acre. Nesses estados, o desemprego passa de 40% para os que têm entre 18 e 24 anos. No Rio Grande do Norte esse índice chega 29,6%.

Mas mesmo em Santa Catarina, estado com o menor desemprego nessa faixa etária, a taxa ainda é alta, chegando a 14,5%, superando o desemprego geral no total do país (12,7%).

PIORA NA PREVIDÊNCIA

Com os trabalhadores mais novos fora do mercado de trabalho, haverá menos contribuição para o sistema previdenciário e, portanto, um prejuízo para as contas da previdência.

“Quanto mais lentamente o mercado de trabalho se recuperar, mais difícil vai ser a capacidade de a Previdência se tornar sustentável”, diz Donato.

Levantamento da consultoria iDados mostra que houve uma queda considerável na proporção de jovens que contribuem para a Previdência Social nos últimos anos. Em 2012, 36,5% dessa população participava do sistema; no final de 2018, essa fatia havia caído para 28,5%.

O atual modelo de previdência brasileiro é contributivo, ou seja, os trabalhadores da ativa pagam os benefícios dos aposentados.

Com menos jovens entrando no sistema e mais brasileiros se aposentando, o desequilíbrio nas contas tende a aumentar, comprometendo cada vez mais a capacidade da Previdência Social que, em 2018, teve um rombo recorde de R$ 290,2 bilhões.

Os dados do estudo sugerem que os jovens não estão contribuindo por falta de oferta de vagas formais, não por estarem adiando a entrada no mercado de trabalho para aprimorar sua formação, o que indica jovens desempregados e com baixa qualificação.

"Se esses números refletissem o adiamento da entrada no mercado de trabalho (por motivos de estudo, por exemplo), esperaríamos que essa perda fosse compensada com maiores rendimentos no futuro. Contudo, o que os dados mostram é que a taxa de frequência escolar não se alterou para o grupo dos desassistidos, e a queda observada também ocorre quando restringimos a análise somente aos jovens que trabalham (excluindo os estudantes e os nem-nem)", aponta o estudo.

"O cenário econômico demora para melhorar. Daqui a alguns anos o mercado voltará a ser atrativo, não como era nos anos 2000, mas esse jovem vai encontrar um mercado um pouco melhor. Só que isso demora, não é para agora", acredita Juliana, do Insper.


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