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Retratos do Oeste
15/03/2015 21:34
Atualizado
13/12/2018 02:03

Então a elite que serviu ao PT no Fora Collor e no Fora FHC não serve mais?

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A pergunta é do promotor de Justiça Italo Moreira Martins, que trabalha em Mossoró, mas que é de Icó, no Ceará
Imagem 1 -  Então a  elite  que serviu ao PT no  Fora Collor  e no  Fora FHC  não serve mais?

Compartilho com vocês o artigo do promotor de Justiça Italo Moreira Martins, natural de Icó/CE, que exerce suas funções em Mossoró, já sendo considerado mais mossoroenses do que muitos mossoroenses.

Eis

Assim vi a história...

Em 1992 morava em Fortaleza no tradicional e elitista bairro da Aldeota, estudava em um famoso colégio particular do mesmo bairro. Assim como milhares de outros estudantes secundaristas de colégios deste mesmo bairro fui às ruas no “Fora Collor”.

Combate à corrupção no Governo estimulava os “gritos de guerra”. No Colégio que estudava um professor petista de história e bastante conhecido em Fortaleza, que já exerceu inúmeros cargos eletivos, de nome Artur Bruno (por quem tenho grande respeito), nos incentivava.

Uma das manifestações terminou em frente à Faculdade de Direito da UFC (onde no ano seguinte iniciava minha vida acadêmica). Na caminhada muitas bandeiras de partidos de esquerda, predominantemente do PT, muitos políticos presentes, muitos discursos.

Era um evento predominantemente de classe média com grande participação de estudantes, então denominados de “caras pintadas”, liderados pelo então presidente da UNE, o hoje Senador petista Lindberg Farias.

Lula, então derrotado em 1989, era protagonista da oposição. Eram raríssimos os participantes das classes mais pobres, que então formavam o grande grupo que elegeu o “caçador de marajás” Fernando Collor de Melo.

Final dos anos 90 ganha força o “Fora FHC”, desta vez não participei de manifestações de rua mas apoiava o movimento pelo impeachment (hoje sei que não havia base legal para isso).

Nas ruas, em especial, protestos contra a corrupção, em destaque a chamada “compra da reeleição” (suspeitas de compra de apoio parlamentar para que fosse aprovada a emenda que permitiria nova eleição de FHC) e suspeitas de corrupção em privatizações de empresas públicas.

Nas manifestações de rua via-se predominantemente a classe média, puxada sempre por partidos de esquerda, principalmente o PT.

Políticos de esquerda eram figuras de destaque e impulsionavam as manifestações, entre eles o principal líder da oposição, Luiz Inácio Lula da Silva. Eram poucos os participantes que estavam na chamada “linha da pobreza”, que formavam o grande grupo que ajudou a eleger o “pai do real” Fernando Henrique Cardoso.

2015, milhões saem às ruas principalmente para manifestar sua revolta contra o PT e o Governo e apoiar abertamente o “Fora Dilma”; o tema corrupção é destaque. Diferentemente dos anos 90 não havia protagonismo de partidos políticos, uma bandeira sequer era vista de partidos de oposição, sequer eram aceitas, nenhuma liderança oposicionista discursou, teve político inclusive proibido de discursar, como Bolsonaro no Rio. Assim como nos anos 90 os protestos foram movidos predominantemente pela classe média, as classes menos favorecidas não foram às ruas, classes essas que formam o grande grupo que elegeu a “coração valente” Dilma Roussef.

Então a "elite" que serviu ao PT no "Fora Collor" e no "Fora FHC" não serve mais? Agora são todos apenas "coxinhas"? Os manifestantes dos anos 90 que hoje estão no poder também eram "coxinhas"? Eu era "coxinha" e não sabia!!! Sou contra o impeachment da Presidente Dilma por uma simples questão de legalidade (os requisitos não estão presentes), mas parabenizo todos os que foram às ruas (com exceção dos poucos que pediram intervenção militar) mesmo não estando entre eles.

Assim como nos anos 90 os manifestantes escreveram um capítulo importante de nossa história, história esta que não precisa de partidos para ser escrita, nem de lideranças políticas, sejam de esquerda, sejam de direita.

A “elite” que apoiou o “Fora Collor” e o “Fora FHC” voltou às ruas, e deveria voltar mais e mais vezes, isso é democracia.

Notas

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