A Medida Provisória nº 1.318, que instituiu o regime REDATA, marca um avanço decisivo para que o Brasil deixe de ser mero consumidor e se torne potência digital verde. Não se trata apenas de desoneração fiscal, mas de uma política industrial capaz de reduzir nossa dependência externa e atrair investimentos bilionários em infraestrutura crítica.
REDATA: o Brasil na rota da soberania digital e da inovação verde
O diferencial do REDATA está nas contrapartidas: exigência de uso de energia renovável, critérios rígidos de eficiência hídrica e reserva de capacidade para o mercado nacional. Trata-se de um modelo que integra a agenda digital à transição energética.
Aqui, o Rio Grande do Norte desponta com vantagens únicas. Nossa região salineira e mossoroense reúne dois ativos estratégicos: abundância de energia renovável de classe mundial e disponibilidade de água do mar, que pode ser utilizada com tecnologia de dessalinização para resfriamento sustentável. Assim, neutraliza-se a crítica sobre consumo excessivo de água, transformando um aparente obstáculo em diferencial competitivo.
Além disso, a presença de cabos submarinos, a possibilidade de PPAs de longo prazo e a disponibilidade de áreas competitivas criam o ambiente ideal para que o estado se consolide como porto seguro digital do Atlântico Sul.
O CERNE vem atuando para articular esse potencial, conectando energia, conectividade e governança. O objetivo é claro: posicionar o RN como hub global de datacenters sustentáveis, projetando soberania sobre a infraestrutura e neutralidade sobre os dados.
O desafio está posto. Se soubermos aproveitar essa janela, o Brasil poderá ser lembrado não só como potência energética, mas também como protagonista da nova economia digital verde.
Jean Paul Prates é Mestre em Política Energética e Gestão Ambiental pela Universidade da Pensilvânia e Mestre em Economia da Energia pelo IFP School (Paris). Foi presidente da Petrobrás (2023-2024) e Senador da República (2019-2023).