A produção do pequeno agricultor na zona rural, na região de Mossoró, está praticamente inviabilizada pelo alta do dólar, pela tarifa extra por excesso hídrico e pela ação predatória dos grandes fruticultores da região.
Quem explica o quadro preocupante é o agricultor Valcebir Bessa de Lima, da Agrovila Pomar, na Maísa, que tem três áreas plantadas de feijão, melancia, melão, jerimum e hortaliças orgânicas, que gera 12 empregos diretos e outros 12 indiretos ao longo do ano.
Com relação a alta do dólar, o agricultor disse que o adubo disparou quase 250%. Segundo ele, o que era 80 reais, hoje chega a 200 reais. Alcebir também destacou outros produtos usados na produção que são importados e que agora são inviáveis seu uso.
O segundo ponto que prejudica o pequeno produtor é a conta de energia, que está vindo 15% acima do normal, devido a uma taxa de excesso hídrico. Um terceiro ponto, também altamente destrutivo ao pequeno agricultor é a concorrência com o grande produtor.
Alcebir Bessa explicou que o grande produtor que produz melão e melancia para o mercado externo, lucra com a alta do dólar vendendo em outros países e massacra o pequeno produtor jogando seu rejeito (melão manchado ou com açúcar baixo) no mercado local.
O produtor lembra que o preço justo da melancia é 1 real. Entretanto, quando chega no período de junho a dezembro, os grandes produtores jogam a melancia no mercado local a 30 centavos o kg. Tira o produto de qualidade da mesa do consumidor local.
Ainda segundo Alcebir Bessa, o único produto que não caminha para dá prejuízo nestes tempos de dólar alta e conta de energia 15% a mais, é a hortaliça orgânica. “Está nós produzimos e vendemos pelo preço justo no mercado local”, explica.
Na prática, o produtor disse que segura a produção de feijão, porque consegue repassar para o consumir final local, mesmo encarecendo. Ele lembra que repassava de 2,80 e hoje repassa a 4 reais. Ele pede que as autoridades tomem providências.
O MH procurou o técnico da Secretaria de Agricultura de Mossoró, Raniere Barbosa, para ele explicar melhor sobre o acréscimo de 15% na conta de energia. Ele disse que na verdade é uma questão da Secretaria Estadual Meio Ambiente e Recursos Hídricos, através do IGARN.
Este aumento de 15% ocorre porque os pequenos produtores não têm outorga do poço que usa para abastecer suas plantações pagando tarifa verde. Para conseguir esta outorga é um custo muito alto para o pequeno produtor, algo em torno de mil reais.
Raniere Barbosa assegurou que a Prefeitura Municipal, através do Mossoró Rural, já está executando um programa para ajudar os pequenos produtores a ter a outorga por um valor mais em conta e conseguir a conta de energia com tarifa verde.
Este programa de outorga do Governo do Estado é para evitar o que aconteceu na região de Baraúna-RN. Sem controle da extração de água pelas grandes empresas, o lençol freático daquela região secou, prejudicando, em especial, os pequenos produtores rurais.
Com as medidas adotadas pelo programa Mossoro Rural, Raniere Barbosa acredita que pequenos produtores como Alcebir Bessa e centenas de outros, que abastece o mercado local com bons produtos, serão beneficiados com a outorga/tarifa verde.