Representantes do Conselho Nacional de Justiça visitaram, nesta segunda-feira (12), a sede do Escritório Social de Mossoró.
Sediado no Abolição I, o equipamento atende à pessoa que deixa o sistema prisional, assim como seus familiares, para dar acesso à rede de serviços de apoio em áreas como qualificação profissional, moradia, documentação e saúde.
De acordo com a Desembargadora Zeneide Bezerra, vice-presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte e Supervisora do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF), o objetivo da visita foi mostrar justamente que o trabalho que vem sendo desenvolvido no local, tem recuperado vidas, através do trabalho de inserção dessa população à sociedade.
“O objetivo foi justamente trazer o coordenador do DMF pra ele ver a realidade de Mossoró, pra ele sentir essa alegria que têm as equipes que estão trabalhando conosco, pra ele sentir e levar pro CNJ, toda essa emoção que a gente tem sentido, desde a manhã, na Esmarn, quando um recuperando foi lá, na frente de todo mundo e disse ‘eu estou recuperado’, isso tudo com nossas ações. Então, se recuperarmos um só, já estamos muito felizes”, disse a desembargadora.
A juíza da vara de execuções penais de Mossoró, Cinthia Cibele de Medeiros, também falou sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido no Escritório Social e a importância deste para a sociedade como um todo.
Segundo ela, o equipamento tem funcionado como uma ponte, oferecendo estímulo aos egressos, para que eles busquem melhores condições e não voltem a reincidir.
“Nós vimos hoje aqui, que foi trazido pelas meninas aqui do Escritório Social que muitos egressos que receberam estímulo de educação, que não é comum, que não é preocupação social, já procuram o Escritório Social em busca de dar continuidade ao segmento desse estímulo. Muitos deles, por exemplo, buscam o local para se prepararem para seus exames nacionais de certificação”, explica.
O Desembargador Francisco Saraiva Sobrinho explica que sempre acreditou que o ato de prender alguém por um crime, deve ter como objetivo a punição para ressocializar esta pessoa e não apenas prender por prender.
“Tem que ter a oportunidade de se regenerar e a sociedade como um todo, o poder público, têm que chegar junto pra que essa pessoa realmente tenha essa oportunidade. Eu como juiz, há muito tempo, prendia muita gente em nome da sociedade, mas o que fazer com esse pessoal? Tanto que eu não mandava pra João Chaves [penitenciária], mandava aqui para a nossa penitenciária agrícola, exatamente para que aquela pessoa tivesse uma oportunidade. E já dizia naquela época ‘se você trabalhar 3 dias, você reduz um dia na sua pena’. E trabalhar com o que? E eu sempre estimulei: vão plantar milho, feijão, o que puder plantar, que a terra era muito fértil e ainda é até hoje e, pra minha tristeza as terra da Mário Negócio improdutivas, quando nós temos a mão de obra lá, ansiosa para trabalhar e mostrar a sociedade que ele não é só aquele crime que ele cometeu”, diz.
Ainda na ocasião, o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra, reforçou o compromisso da prefeitura em incentivar cada vez mais esse importante trabalho.
“A prefeitura de Mossoró vai dar uma condição de receber melhor essas pessoas e acaba de criar um fundo específico, ou seja, toda essa política e todo o trabalho que vem sendo realizado na cidade de Mossoró vai ter financiamento pra isso, vai ser algo que seja sustentável, com autofinanciamento, sem consumir recursos do município diretamente . Então todas essas ações e políticas públicas, a prefeitura tá pensando. A gente tá pensando a condição humana em toda a sua integralidade”, afirma o prefeito.
O Escritório Social é uma realização da Secretaria de Desenvolvimento Social e da Juventude e da Vara de Execução Penal de Mossoró. A medida resulta de gestão compartilhada entre o Poder Judiciário e o Executivo Mossoroense.