Mossoró, RN – Uma comitiva de 15 produtores rurais e representantes do Governo do Pará, liderada pelo SEBRAE, realizou uma visita técnica ao Oeste do Rio Grande do Norte para conhecer as inovações do agronegócio local e participar da Expofruit 2025. O intercâmbio, idealizado pelo consultor Kling Simões, teve como objetivo principal fortalecer a fruticultura e o agronegócio sustentável em ambas as regiões.
A agenda da comitiva, proveniente das cidades de Santarém, Belterra, Alenquer, Monte Alegre e Prainha, começou com a visita a propriedades rurais da região, onde puderam conhecer de perto o cultivo de frutas como banana, acerola, uva, coco, limão e mamão. O grupo teve acesso a tecnologias avançadas como irrigação automatizada, fertirrigação, sistemas de filtragens, e até mesmo uma biofábrica “on Farm”.
Os produtores do Pará demonstraram grande interesse em aplicar as tecnologias vistas no Rio Grande do Norte em suas regiões, como o uso de drones para pulverização e o sistema de filtragens para o plantio de novas culturas como mamão e acerola.
"A troca de experiências permitiu identificar técnicas de manejo, estratégias de produtividade e soluções adaptadas às condições climáticas e de mercado", explicou Kling Simões.
Após a visita de campo, a comitiva seguiu para a Expofruit, onde puderam dialogar com produtores locais e fornecedores de insumos e equipamentos. O encontro foi considerado uma valiosa oportunidade de networking, com potencial para prospecção de parcerias comerciais.
A iniciativa foi amplamente elogiada pelos participantes. “Esse tipo de intercâmbio amplia a visão dos produtores, traz novas perspectivas de manejo e abre caminhos para inovação e melhoria da competitividade no campo”, resumiu Paulo Dirceu, gerente do SEBRAE do Oeste do Pará. O evento reforçou a importância do conhecimento e da troca de vivências para o desenvolvimento do setor.
Opinião
Os produtores das duas regiões podem e devem trocar experiências para crescerem juntos, mas não por cultivarem os mesmos produtos, e sim pelas diferenças entre si. O intercâmbio de conhecimento é valioso exatamente porque as realidades climáticas e de solo são opostas, exigindo tecnologias e estratégias de manejo muito diferentes.
Análise dos cultivos e desafios
Oeste do Pará: O agronegócio é dominado pela produção de grãos como soja e milho, em um clima equatorial com alta pluviosidade e umidade. A fertilidade dos solos exige correção, e os desafios incluem o manejo de doenças tropicais e a logística de escoamento da produção em grande escala.
Oeste do Rio Grande do Norte: A região é um polo de fruticultura de exportação, focada em culturas como melão, melancia e mamão, em um clima semiárido. O diferencial está na alta insolação constante e no uso de tecnologia de ponta, como a irrigação por gotejamento, para compensar a escassez de chuvas.
A troca de experiências entre eles é um aprendizado complementar.
O que o Oeste do Pará pode aprender com o Oeste do RN?
A principal lição para os produtores do Pará é a tecnologia de irrigação e a gestão de água. Mesmo em um clima chuvoso, a automação e a eficiência no uso da água para a fertirrigação, tão dominadas no Oeste potiguar, são cruciais para otimizar a produtividade e garantir colheitas mesmo em períodos atípicos de seca. Além disso, a expertise do Rio Grande do Norte em logística, padronização e pós-colheita para exportação de frutas é um conhecimento fundamental para quem busca agregar valor.
O que o Oeste do RN pode aprender com o Oeste do Pará?
Os produtores potiguares podem se beneficiar do conhecimento dos paraenses em manejo de culturas de grãos em grande escala, diversificando suas atividades e fortalecendo a economia local. A experiência do Pará em lidar com um ecossistema tropical, além de suas soluções para o transporte e escoamento de grandes volumes de commodities, também pode servir como referência para projetos futuros.
Em resumo, a visita técnica não se trata de copiar o que o outro faz, mas de absorver a vivência, os erros e acertos de um modelo de sucesso em um ambiente completamente diferente. Essa troca de sabedoria é o que molda a inovação e o crescimento mútuo.