29 ABR 2024 | ATUALIZADO 17:14
POLÍTICA
Da redação
06/12/2016 07:54
Atualizado
13/12/2018 06:00

Bate-boca e troca de graves acusações marcam sessão na Câmara Municipal de Mossoró

Com a presença de servidores exonerados no último dia 1º, clima na Casa Legislativa ficou ainda mais tenso. Vereadores e o presidente Jório Nogueira trocaram sérias acusações em diversos momentos
Maricelio Almeida/MH
A Câmara Municipal de Mossoró foi palco na manhã desta terça-feira, 6, de uma das sessões mais tensas dos últimos tempos. O tema central dos debates foi a medida adotada pelo presidente da Casa, Jório Nogueira, que exonerou 143 servidores comissionados para equilibrar as receitas no final da sua gestão. As discussões, no entanto, não se resumiram à decisão do parlamentar. O clima esquentou em diversos momentos, inclusive com bate-boca e troca de graves acusações entre os edis.

Jório foi o primeiro a falar na sessão. Ele apresentou suas justificativas para a exoneração dos servidores e reafirmou que seguiu orientações jurídicas para evitar que, no futuro, fosse responsabilizado por crime de improbidade administrativa.

“Vocês são pais de família, pessoas que precisam do salário, mas o jurídico me orientou fazer, ou responderia por crime de improbidade e desobediência à Lei de Responsabilidade Fiscal.  Até propus ao Ministério Público fazer o pagamento dos servidores fora do orçamento, mas o promotor disse que iria abrir um inquérito caso isso ocorresse”, relatou Jório Nogueira.

Os argumentos, entretanto, não convenceram os ex-assessores e vereadores presentes à sessão. Representando os servidores exonerados, Raíssa Freire afirmou que o ato de Jório foi “desumano”. Ela ainda questionou os números detalhados pelo presidente quanto à situação financeira atual da Câmara. “Temos capacidade intelectual para fazermos muito mais que um ‘O com uma Quenga’. Os servidores estão sendo penalizados pela ingerência de sua gestão. É desumano o que o senhor está fazendo”, disse.



Raíssa ainda respondeu à nota do procurador da Câmara, Kennedy Salvador, que, entre outros pontos, acusa parte dos ex-servidores de não cumprir expediente. “São acusações sérias de forma generalizada, o senso comum que comissionado ganha sem trabalhar. Qual a moral que o procurador, réu por apropriação indébita na segunda vara criminal, tem para acusar alguém? A resposta será dada na justiça”, anunciou.

O clima começou a ficar mais tenso quando o vereador Ricardo de Dodoca pediu o uso da palavra. Ricardo afirmou que enquanto os servidores tinham ficado sem emprego, o presidente da Casa estava em Natal, na micareta Carnatal. “O senhor fez isso porque não tem filhos”, disparou Ricardo. Imediatamente, Jório respondeu. “Não fale da minha vida pessoal, discuta assuntos da Câmara, não da minha vida pessoal, não admito”, reagiu o presidente da Câmara.

Na sequência, Jório abriu os microfones para que cada vereador pudesse se pronunciar inicialmente na sessão. Foi quando as trocas de acusações se intensificaram. O vereador Tassyo Mardony, em sua fala, destacou que via com “tristeza” as “desculpas” apresentadas por Jório em relação ao atual quadro financeira da Câmara. “É com muita tristeza que a gente vê tantas desculpas que não são dadas nem a um aluno de quinta série. Os contratos dessa Casa só subiram”, pontuou.

Jório então afirmou que Tassyo já fez lhe propostas “indecentes”. “O senhor é uma pessoa que fez propostas indecentes e eu nunca aceitei. Muita raiva é porque não fiz o que Vossa Excelência pediu. Digam o que foi que eu fiz de errado. Não fiquem fazendo chacota com a minha vida”, rebateu o presidente da Câmara Municipal de Mossoró.



Durante a fala de Genivan Vale, também houve troca de acusações. Primeiro, o parlamentar do PDT refutou a nota do procurador Kennedy Alencar, classificando-a como um despautério e solicitando que as denúncias fossem encaminhadas para o Ministério Público. “Se tiver erros que possamos pagar, mas todos, inclusive Vossa Excelência, e tenha serenidade, aceite a derrota", disparou Genivan para Jório, que retrucou:

“Tenho uma gravação do senhor mandando um blogueiro bater me mim e dizendo que pagava depois. Conheço Genivan, sei do que ele é capaz. Vossa Excelência conhece o meu caráter. Vossa Excelência agrediu a controladora Adriana, o servidor Breno”, afirmou Jório, relembrando o episódio em que Genivan foi acusado pelo Sindicato dos Servidores da Câmara de ter proferido ataques a funcionários de carreira da Casa Legislativa.

Genivan respondeu que o caso, levado à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), foi esclarecido. Ele ainda afirmou que no processo houve, inclusive, oferta de votos na chapa do eleito Canindé para puni-lo.  



Com o vereador Lairinho Rosado, a discussão girou em torno da solicitação enviada pela Presidência da Câmara aos vereadores para que fosse garantido que não há casos de nepotismo nos gabinetes dos parlamentares. Dos 21 edis, apenas quatro não responderam ao documento enviado, entre eles Lairinho. Jório questionou o motivo.

“Não devo satisfação ao senhor. A solicitação feita pelo Ministério Público foi direcionada à Presidência, tanto que o senhor exonerou o servidor. Agora queria saber por que o senhor não nos defendeu (citando a nota do procurador Kennedy Salvador), deveria tê-lo demitido, ele ofendeu todos os vereadores. O senhor administra com mão de ferro, ignorância, brutalidade. Me enganei com o senhor. Não carrego a culpa de ter votado no senhor”, pontuou Lairinho, elevando o tom de voz.

Voltando às discussões sobre a exonerações dos servidores, Jório propôs que fosse formada uma comissão para que os ex-assessores pudessem conversar com a equipe jurídica da Câmara sobre as dificuldades orçamentárias da Casa. A proposta não foi aceita pelo grupo presente à sessão.  
 

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