O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), confirmou, nesta segunda-feira (18), que a proposta da reforma política será votada em Plenário na próxima semana. Na avaliação de Cunha, questões polêmicas, como o fim da reeleição e a alteração do tempo de mandato de senadores para cinco ou 10 anos, levam à necessidade de estabelecer uma ordem de votação dos temas da reforma.
"Eu vou tentar botar ordem na Casa e estabelecer uma ordem de votar. Primeiro, temos que votar o sistema eleitoral, se vai haver ou não reeleição. Se mantiver a reeleição, não tem que discutir isso nada [o mandato dos senadores]”, observou.
“Não há dúvida de que vai se votar fatiado. Não há a menor possibilidade de votar uma PEC inteira, qualquer que seja ela, porque jamais você vai conseguir que as pessoas apoiem o conjunto inteiro”, destacou. “Porque eu concordo com o distritão, eu discordo dos 10 anos. Eu concordo com a cláusula de barreira, o outro não concorda com o fim da coligação. Cada hora haverá uma rejeição", observou. "Então, é preciso separar, até para definir por etapas, e se vai descartando umas. Essa, por exemplo, do mandato de 10 anos ou cinco anos fica descartada se passar a manutenção da reeleição.”
Decisão do Senado
Eduardo Cunha diz que até concorda com o fim da reeleição, mas ressalta que o mandato dos senadores deve ser decidido no próprio Senado.
"Não tem de mexer com o Senado. Quando os deputados falam em alterar o mandato de senador ou diminuí-lo, é quase uma agressão. Até porque a gente já sabe que não vai passar lá. É falta de perspicácia política impor o mandato ao Senado. É até falta de inteligência política", ressaltou.
Mudança
Na última sexta-feira (15), o relator da Comissão Especial da Reforma Política, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), reviu sua posição e decidiu que o mandato de senador proposto em seu texto será de cinco anos e não mais de 10, como ele havia anunciado antes.
Para o presidente da Câmara, o relatório não deveria ser votado nesta terça, conforme previsto. Eduardo Cunha defende a votação no colegiado somente após a organização dos temas e a evolução dos debates.
"É preferível até que a comissão não vote. Que leve a Plenário”, afirmou. “Eu tenho que organizar agora a parte regimental. Há um monte de propostas de emendas à Constituição (PECs) apensadas. Eu tenho que ver como a gente tira cada uma para levar à votação. Temo que o relatório possa engessar a votação."
Acordo de lideranças
Questionado por jornalistas, Eduardo Cunha explicou que nem todas as propostas da reforma política têm de ser apreciadas. Ele disse que pretende fazer um acordo com as lideranças para colocar em votação temas como a adoção do voto distrital ou do distrital misto e o fim ou não do financiamento privado de campanhas.
Sobre o financiamento, Eduardo Cunha reiterou que defende a proibição das doações de empresas que tenham contratos com a administração pública.
Votações da semana
Quanto às demais votações do Plenário, o presidente disse que a Medida Provisória 668/15 será votada nesta terça-feira (19) e, em seguida, a ordem das urgências será respeitada. A MP, uma das medidas do ajuste fiscal, aumenta as alíquotas do PIS/Pasep-Importação e a da Cofins-Importação.
Validade da Lei
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, afirmou nesta sexta-feira (15) que espera concluir a votação da reforma política na Casa até o final de maio, para que algumas mudanças possam ser válidas para as eleições de 2016.
“Esperamos concluir a votação da reforma política no mês de maio, para que possa ir para o Senado e os senadores possam ter tempo de analisar, revisar ou concordar, e nós termos tempo de apreciar a revisão”, disse.
Sistema eleitoral
Cunha considera essencial alterar o sistema de eleição dos deputados. “Ninguém aguenta mais fazer uma nova eleição como foi feita a última”, ressaltou. Segundo ele, o modelo atual gera distorções, como a eleição de deputados federais que obtiveram apenas 200 votos e a não eleição de outros que tiveram mais de 100 mil votos. O parlamentar defendeu o modelo majoritário conhecido como “distritão”, em que são eleitos os deputados mais votados em cada estado.
Para ele, o modelo não enfraquece os partidos, como argumentam os críticos desse sistema, por conta da exigência de fidelidade partidária. Ele defendeu ainda que a suplência das vagas seja das legendas, para que os partidos sejam fortalecidos.