05 DEZ 2025 | ATUALIZADO 23:37
ECONOMIA
Ruth Andrade, do CERN
08/10/2025 07:49
Atualizado
08/10/2025 07:51

Curtailment causa perdas superiores a R$ 5 bi: Nordeste é o mais afetado

Bahia, Rio Grande do Norte e Minas Gerais lideram o ranking de estados com mais cortes. Leilão de transmissão da Aneel, previsto para outubro, pode aliviar gargalos e destravar investimentos. “A expansão da rede de transmissão é um passo fundamental para garantir o aproveitamento total da energia renovável já instalada. O Brasil precisa planejar o setor elétrico de forma integrada, unindo inovação tecnológica, regulação moderna e atração de investimentos. Só assim consolidaremos nossa posição como líder mundial em energia limpa”, conclui Jean Paul Prates.
Bahia, Rio Grande do Norte e Minas Gerais lideram o ranking de estados com mais cortes. Leilão de transmissão da Aneel, previsto para outubro, pode aliviar gargalos e destravar investimentos. “A expansão da rede de transmissão é um passo fundamental para garantir o aproveitamento total da energia renovável já instalada. O Brasil precisa planejar o setor elétrico de forma integrada, unindo inovação tecnológica, regulação moderna e atração de investimentos. Só assim consolidaremos nossa posição como líder mundial em energia limpa”, conclui Jean Paul Prates.
Foto: Pedro Cezar

O desperdício de energia renovável no Brasil já ultrapassa R$ 5 bilhões, segundo o presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE), Darlan Santos. O fenômeno, conhecido como curtailment, ocorre quando usinas eólicas e solares são obrigadas a reduzir ou interromper a geração por falta de capacidade de escoamento na rede de transmissão.

Os números mostram que o problema se concentra principalmente no Nordeste, responsável por mais de 70% das perdas registradas no país. Dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), consolidados pela consultoria CarpeVie, parceira do CERNE, mostram que a Bahia lidera o ranking, com 35,14% dos cortes, seguida pelo Rio Grande do Norte (25,43%) e Minas Gerais (15,63%). Outros estados nordestinos também aparecem entre os mais afetados: Piauí (9,42%), Ceará (7,58%), Pernambuco (3,03%), Paraíba (1,79%) e Maranhão (0,62%).

De acordo com o presidente do CERNE, Darlan Santos, as perdas acumuladas ao longo dos últimos anos representam um grande obstáculo para a expansão das fontes renováveis. “O Brasil já soma mais de R$ 5 bilhões em perdas com o curtailment. No caso do Nordeste, onde estão os principais polos eólicos e solares do país, a falta de infraestrutura adequada limita a geração e afeta toda a cadeia produtiva, do fabricante ao investidor”, afirmou.

Os efeitos do curtailment se estendem para além da geração elétrica, atingindo também a indústria e o emprego. “Por causa dos cortes, não se compram novos aerogeradores – o que afeta diretamente as fábricas desses equipamentos – nem se contratam financiamentos para novos projetos. No ano passado, uma das maiores fabricantes de aerogeradores do Ceará precisou demitir mais da metade do quadro de funcionários”, ressaltou Santos.

Para o chairman do CERNE, Jean Paul Prates, o país vive um paradoxo energético: amplia sua capacidade de geração limpa, mas enfrenta cortes por falta de infraestrutura. “O Brasil já está desperdiçando, em determinados momentos, o equivalente à produção de uma grande usina termelétrica apenas por falta de modernização no seu sistema de transmissão. Isso representa um prejuízo econômico, ambiental e reputacional para o país”, pontuou.

Prates também alerta que a contradição entre crescimento renovável e limitação de escoamento pode desestimular investidores. “É um contrassenso celebrar a expansão das fontes renováveis e, ao mesmo tempo, obrigar parques eólicos e solares a desligarem suas turbinas por falta de transmissão. Essa contradição compromete a narrativa do Brasil como potência renovável”, completou.

Uma resposta concreta a esse desafio pode vir com o leilão de transmissão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), previsto para outubro de 2025, com expectativa de R$ 5,5 bilhões em investimentos. O certame inclui obras voltadas para reforçar a malha elétrica em estados estratégicos, especialmente no Nordeste, região que lidera a geração de energia limpa no país. 

“A expansão da rede de transmissão é um passo fundamental para garantir o aproveitamento total da energia renovável já instalada. O Brasil precisa planejar o setor elétrico de forma integrada, unindo inovação tecnológica, regulação moderna e atração de investimentos. Só assim consolidaremos nossa posição como líder mundial em energia limpa”, conclui Jean Paul Prates.


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