O Brasil vive um momento histórico na indústria de petróleo. Em junho de 2025, atingimos o recorde de 4,9 milhões de barris de óleo equivalente por dia, com 3,7 milhões de barris/dia de óleo e 181 milhões de m³/dia de gás, colocando o país na rota de se tornar um dos cinco maiores produtores globais até o fim desta década.
Não se trata de uma projeção distante: com a carteira de novas FPSOs contratadas ao longo dos últimos anos (e.g. para os campos de Búzios, Jubarte, Marlim, Voador e Mero) e as elevações atribuídas ao início ou ramp-up de várias unidades, é totalmente previsível que possamos superar a China e o Iraque até 2029. No cenário mais otimista, disputaremos posição com o Canadá em torno de 5 milhões de barris diários.
Mas a verdadeira questão é: o que faremos com esse privilégio? Quando presidi a Petrobras, sempre defendi que o país deve usar sua liderança no pré-sal com racionalidade e visão estratégica. Precisamos explorar nossos recursos de forma eficiente, sim, mas também garantir que eles financiem a transição para uma matriz mais limpa, segura e diversificada.
Esse é o sentido da Evolução Energética que sempre defendi: não uma ruptura desordenada, que colocaria empregos, arrecadação e segurança em risco, nem uma exploração sem limites, que sacrificaria nosso futuro ambiental e social. O caminho é a responsabilidade — extrair valor máximo do pré-sal enquanto aceleramos investimentos em gás, renováveis, bioenergia, hidrogênio e captura de carbono.
O Brasil pode, sim, estar no Top 5 do petróleo. Mas deve ambicionar mais: ser referência mundial em como transformar a riqueza do óleo em trampolim para um futuro energético sustentável. Esse será o verdadeiro legado.
O Brasil vai chegar a estar entre os cinco maiores produtores de petróleo do mundo — mas o desafio é ser também líder na evolução energética, ou seja, em como transformar a riqueza do petróleo em alavancagem para um futuro energético sustentável.
Jean Paul Terra Prates foi presidente da Petrobras (2023–2024), e senador da República (2019–2023). Atualmente é Chairman do CERNE e head do LIDE Energia Global.