20 ABR 2024 | ATUALIZADO 22:33
ESTADO
ANNA PAULA BRITO
30/04/2020 12:35
Atualizado
30/04/2020 16:56

Pesquisador tira dúvidas sobre gato-vermelho confundido com onça em Itaú

O Pesquisador Paulo Marinho é Dr. em Ecologia pela UFRN e estuda a ecologia de mamíferos silvestres há cerca de 5 anos. Segundo ele, o gato-vermelho fotografado na zona rural de Itaú e confundido com uma onça-parda, não representa perigo para a população e se alimenta apenas de pequenos animais; veja a entrevista completa.
O Pesquisador Paulo Marinho, Dr. em Ecologia pela UFRN tirou dúvidas sobre o gato-vermelho confundido com onça no município de Itaú. Segundo ele, o animal fotografado na zona rural da cidade, não representa perigo para a população e se alimenta apenas de pequenos animais; veja a entrevista completa.
FOTO: REPRODUÇÃO

Nos últimos dias a aparição de uma suposta onça-parda em um sítio, localizado na zona rural de Itaú, despertou a curiosidade de muita gente na região. No perfil do Instagram do MOSSORÓ HOJE, diversos comentários foram feitos sobre a real espécie do animal.

Veja mais:

Moradores da zona rural de Itaú estão assustados com presença de suposta onça


Para sanar de vez a dúvida dos leitores e tranquilizar a população do Sítio Acauã, nós conversamos com o Paulo Marinho, Dr. em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e pesquisador de mamíferos silvestres há cerca de 5 anos.

Paulo explica que o animal fotografado pela estudante Tuanny Pinheiro trata-se realmente de um gato-vermelho, assim como a Bióloga Rosineide Martins já havia levantado a hipótese.

Ele conta que essa espécie é comum na região, embora seja muito rara de ser vista pelo ser humano.

“Que sorte a dela de ter visto esse bicho, porque ela ficou com medo, mas eu digo pra ela que ela tem que ver isso como uma sorte, porque é um bicho muito interessante, um bicho bonito e que é comum, relativamente comum, tanto da região do sertão como aqui no litoral do Nordeste, mas é um bicho que sempre ocorre em baixa densidade, tem poucos. Ele tá em muitos lugares, mas em pouca quantidade”, explica.

Paulo conta que o gato-vermelho não representa perigo para a população do Sítio Acauã, e sobre os animais domésticos, apenas galinhas geralmente podem ser predadas por esse felino silvestre, o que, segundo Paulo, ocorre mais quando os animais são deixados soltos próximo de área de mata e quando a caça diminui as presas naturais. Trata-se de um animal de pequeno porte, com uma média de 5kg e que se alimenta, basicamente, de pequenos animais como roedores e lagartos da própria mata.

Questionamos Paulo sobre como é possível essa confusão entre as espécies e ele explicou que é comum, visto que a maior parte da população conhece as espécies de um modo geral e a semelhança realmente acaba causando esse equívoco.

“É fácil confundir as espécies. A coloração dos bichos, que se parece entre essa espécie e a onça-parda e o desconhecimento no geral sobre essas espécies, que acaba levando ao erro. E claro, o avistamento dura pouco tempo, geralmente não dá tempo de olhar o bicho com calma, por isso é comum causar essa confusão”, explica.

O pesquisador ainda lembra que não é impossível realmente nos deparamos com uma onça na região, mas que essa ocorrência é extremamente rara.

CONFIRA A ENTREVISTA COMPLETA:



Paulo também nós enviou uma nota com explicações mais detalhadas sobre o gato-vermelho, importantes informações para diminuir o temor das pessoas e melhorar a convivência com esses animais.


CONFIRA NOTA NA ÍNTEGRA:

SOBRE O GATO-DO-MATO CONFUNDIDO COM ONÇA

Nós últimos dias foi muito veiculada no RN essa informação da matéria abaixo de forma equivocada.

Pela foto, apesar do animal poder parecer maior, fica claro que não se trata de uma onça-parda (Puma concolor), mas sim de um gato-mourisco ou gato-vermelho (Herpailurus yagouaroundi), espécie de pequeno felino silvestre comum no semiárido nordestino.

O gato-vermelho apresenta uma cauda mais alongada em relação ao corpo, um menor porte (5 kg em média) e se alimenta principalmente de pequenos mamíferos, não representando nenhum risco para as pessoas. Essa espécie possui hábitos diurnos, por isso pode ser mais facilmente vista, como foi o caso do registro. Além disso, pode apresentar dois padrões de pelagem, variando de cinza escuro até um padrão mais alaranjado, e é esse último que geralmente é confundido com a onça-parda.

Mesmo que fosse uma onça-parda, espécie que também ocorre naturalmente em todo nordeste mas se encontra cada vez mais rara, de forma geral não representaria um risco direto para os moradores da região (incluindo as crianças), já que se trata de um animal que evita humanos e não existe nenhum registro de ataques a pessoas na Caatinga, onde as onças tem um porte menor, por volta de 40 kg. Outro ponto importante é a confusão que as pessoas fazem ao muitas vezes encontrarem uma pegada de um cachorro doméstico grande em área de mata e confundirem com uma onça. Abaixo coloco uma comparação da pegada de uma onça-parda e um cão grande para comparação e para ajudar na identificação.

De qualquer forma, as onças fazem parte da natureza, e sua presença não deve ser motivo de pânico. No geral as pessoas podem levar suas vidas normalmente, como vem sendo feito há décadas em locais onde elas ocorrem e as pessoas nem sabem. E em relação aos animais de criação, medidas de manejo como prender os animais a noite em chiqueiros fechados e seguros e perto das casas diminui muito as chances de conflito, além de diminuir a caça sobre as presas naturais desses animais.

Essas informações são importantes para diminuir o temor das pessoas e melhorar a convivência com esses animais tão importantes para o bom funcionamento da natureza, já que eles geralmente sofrem muito mais pela ação humana do que o contrário, com seus habitats e presas cada vez menos disponíveis. Tato o gato-vermelho quanto a onça-parda, por exemplo, estão ameaçados de extinção no Brasil.


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