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Retratos do Oeste
25/02/2015 16:27
Atualizado
13/12/2018 04:08

Serra do Mel: De próspera a um cenário cinza!

Mais de 50% dos cajueiros morreram, queda na produção é de quase 95%, abelhas foram embora e não tem água para beber em todas as vilas
Cezar Alves

O quadro na Serra do Mel é desolador. Pelo menos 50% dos cajueiros morreram, em função das seguidas secas e praga da mosca branca.

Segundo o colono Francisco Monteiro Cavalcante, morador da Vila Paraíba, em pelo menos seis vilas não restou um só pé de cajueiro vivo.

São os casos das vilas Acre, Piaui, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Existem várias outras que estão com quase toda a copa do cajueiro gigante mora.

A lenha dos cajueiros mortos está sendo extraída em enviada por caminhões para indústria cerâmica no Vale do Açu, e para aquecer fornos das padarias de Mossoró, distante 40 km.

Foto: Cézar Alves

Devido à falta de água e alimento, o rebanho também reduziu drasticamente na Serra do Mel. O pecuarista José Alves da Silva, o Dedé Vaqueiro, tinha 29 vacas em 2012 e hoje só tem 9.

Com potencial para produzir média de 80 mil toneladas de castanha, a Serra do Mel não está produzindo 5% deste total, longe de cumprir a missão para o qual foi criada na década de 70.

A produção de mel de abelha média da Serra do Mel girava em torno de 200 toneladas, que era toda exportada através de atravessadores para comerciantes do eixo Rio São Paulo.

Em 2014, segundo o José Hélio Morais, o Cabo Hélio, a produção não chegou a 50 toneladas. Para este ano, a situação é desoladora. “As abelhas sumiram”, diz o Cabo Hélio.

A  Serra do Mel foi projetada com 23 vilas, sendo que uma administrativa. As outras são rurais. Haviam escolas, postos de saúde e toda estrutura necessária para se desenvolver.

Na época da construção da Serra do Mel eram cerca de mil colonizadores e hoje já tem mais de 10 mil habitantes. As indústrias de beneficiamento de castanha e caju faliram.

A estudante Tatiane Souto, de 10 anos, residente na região mais seca da Serra do Mel, pediu água ao governador Robinson Faria quando esteve no município domingo, 22.

Tatiane diz que entende a falta de recursos do Governo do Estado, porém não pode aceitar a idéia de ficar sem água para beber em pleno século 21.

Após receber documentos dos trabalhadores da Serra do Mel, através de suas associações e o pedido da estudante Tatiana Souto, o governador Robinson Faria prometeu empenho para revitalizar a Serra do Mel.

A Serra do Mel virou um cenário cinza!

360 GRAUS


O repórter das alturas do RETRATO DO OESTE esteve esta semana no município de Acari, região Seridó, e registrou a imensidão seca das Barragem Marechal Dutra, o Gargalheiras, que tem capacidade para armazenar até 40 milhões de metros cúbicos de água e está seco.

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