O Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público do Maranhão (MPMA), deflagrou, na manhã desta segunda-feira (22), a Operação Tântalo II, com o cumprimento de 51 mandados de busca e apreensão e 21 mandados de prisão, sendo dez de prisão preventiva, no município de Turilândia-MA, distante 470 quilômetros da capital São Luiz, no Estado do Maranhão.
Em um único alvo, na capital São Luís, foram apreendidos quase R$ 2 milhões. Os principais alvos do GAECO são: o prefeito José Paulo Dantas Silva Neto, o Paulo Curió (União Brasil), sua esposa Eva Curió, a vice-prefeita Tanya Mendes (PRD) e o marido dela; Também foram alvos a ex-vice-prefeita Janaina Soares Lima e o marido dela;
Os 11 vereadores do município de Turilândia também foram alvos dos investigadores. Eles foram presos e estão em liberdade usando tornozeleira eletrônica. Num primeiro momento, o prefeito Paulo Curió conseguiu escapar do cerco policial, mas já se entregou a Justiça.
As ordens foram expedidas pela 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, por decisão da desembargadora Maria da Graça Peres Soares Amorim. A ação é um desdobramento da Operação Tântalo, deflagrada em fevereiro deste ano.
O total apurado do dano causado ao erário soma R$ 56.328.937,59. O bloqueio do montante foi autorizado pela justiça. A Justiça já autorizou o bloqueio de 22,3 milhões das contas dos investigados.
Operação foi deflagrada na manhã desta segunda-feira, dia 22. O prefeito Paulo Curió, conforme a investigação, é o alvo principal. Para o GAECO, ele lidera uma organização criminosa que deixou um prejuízo milionário no município de Turilândia que passa dos 56,3 milhões.
De acordo com procedimento investigatório instaurado no Gaeco, há indícios da prática dos crimes de organização criminosa, fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de capitais, ocorridos durante a gestão do então prefeito José Paulo Dantas Filho (Paulo Curió) no município de Turilândia.
Em reportagem do Portal Atual17, assinada pelo jornalista Yure Almeida, detalha nomes e a função de cada um no que o GACEO classificou como organização criminosa liderada por Paulo Curió para dilapidar o patrimômio público, deixando uma cidade de pouco mais de 31 mil habitantes em situação estrutura deficitária.
Ao mesmo instante que a população do município Turilância passa por problemas graves, o prefeito Paulo Curió ficou milionário, acumulando patrimônio incompatível com o cargo que exerce. O GAECO aponta que Curió tem uma casa em São Luiz valiada em R$ 3,7 milhões, outra em Turilândia avaliada em 1,6 milhão, uma casa num condomínio de luxo em Barreirinhas e um apartamento registrado em nome de terceiro no Edifício Al Mare, em São Luiz, avaliado em R$ 3,1 milhões.
Segundo o GAECO, a esposa do prefeito Eva Curió, que também foi presa preventivamente, era quem controlava todos os recursos da Prefeitura e também da Câmara Municipal. Estavam desviando os recursos e não demonstrava qualquer interesse em parar o processo criminoso. Segundo o GAECO, há 13 dias da operação, o casal Curió fundou uma empresa chamada Paraíso Verde Agropecuária Ltda, com capital de R$ 350 mil, supostamente para dar continuidade ao esquema de desvios de recursos públicos.
Parta da família Curió, que segundo o GAECO, estava roubando os recursos públicos de Turilândia, antes atuava na cidade de Governador Nunes Freire, onde o prefeito era Marcel Everton Dantas Silva, o Marcel Curió, que responde ação penal naquele município por desvios de R$ 31,8 milhões dos cofres da Prefeitura e não se reelegeu em 2020. Por este motivo, se mudaram para Turilândia, passando a atuar fortemente com Paulo Curió e a esposa Eva Curió.
As investigações envolvem as empresas Posto Turi, SP Freitas Júnior LTDA, Luminer e Serviços LTDA, MR Costa LTDA, AB Ferreira LTDA, Climatech Refrigeração e Serviços Ltda, JEC Empreendimentos, Potencial Empreendimentos e Cia Ltda, WJ Barros Consultoria Contábil e Agromais Pecuária e Piscicultura LTDA, além de outras pessoas físicas e jurídicas, servidores públicos, particulares e agentes políticos.
A operação contou com o apoio de promotores de justiça integrantes do Gaeco dos núcleos de São Luís, Timon e Imperatriz, das Polícias Civil e Militar do Estado do Maranhão, além de promotores de justiça do Gabinete e da Assessoria Especial de Investigação do Procurador-Geral de Justiça, do Gaesf (Grupo de Atuação Especial no Combate à Sonegação Fiscal) e das comarcas de Santa Helena, Açailândia, Lago da Pedra, Raposa, Anajatuba, Viana, São Bernardo, Maracaçumé, Pinheiro, Morros, Buriticupu, Bacabal, Vargem Grande, Arari, Imperatriz, São Francisco do Maranhão e São Luís. A Coordenadoria de Assuntos Estratégicos e Inteligência (CAEI-MPMA) também auxiliou nos trabalhos.
Os documentos e equipamentos eletrônicos apreendidos serão analisados pelo Gaeco e pelo Laboratório de Tecnologia Contra a Lavagem de Dinheiro (LAB-LD), para compor o conjunto probatório necessário possivelmente para subsidiar o oferecimento da petição acusatória em desfavor dos investigados.
A Operação Tântalo faz referência à figura da mitologia grega Tântalo, condenado a uma punição eterna no submundo. Segundo o mito, ele permanecia em um lago de águas cristalinas, com frutos ao alcance da vista, mas sem conseguir saciar a sede ou a fome. A metáfora é utilizada para representar o esquema investigado, no qual recursos públicos destinados a contratos para fornecimento de bens e serviços não resultariam em benefícios efetivos à população.