O Tribunal do Júri Popular do Comarca de Mossoró, nesta terça-feira, 25 de novembro de 2025, decidiu por absolver mais dois acusados de matar o então candidato a prefeito Raimundo Gonçalves de Lima Neto, Netinho, filiado ao PSOL, do município de Janduis-RN.
Netinho do Nilton foi assassinado por pistoleiros às 9h30 no dia 11 de abril de 2020, quando a vítima chegava na fazenda Estrela, no território de Campo Grande. Segundo o MPRN, Antônio Alcivan Fernandes Junior, o Macaíba, e João Paulo Fernandes Da Silva Brito.
O processo deveria ter sido julgado na Comarca de Campo Grande, onde aconteceu o assassinato, porém o MPRN argumentou que não havia segurança para realizar um julgamento deste porte e pediu o desaforamento para a Comarca de Mossoró.
O pleno do Tribunal de Justiça acatou o pedido de desaforamento formulado pelo MPRN no dia 18 de setembro de 2025, determinando que os réus do caso Netinho de Nilton fossem levados a julgamento na Comarca de Mossoró, que fica distante 80 km de Campo Grande.
Além dos dois que teriam participado diretamente da execução, O MPRN, com base na investigação da Polícia Civil, denunciou outros 9 réus:
1) RANIELLY BRITO DE AZEVEDO - vulgo “Amarelo” ou “Amareli”, brasileiro, nascido em 13 de outubro 1982, natural de Caraúbas/RN (preso)
2) ELZIMAR IZÍDIO DE SOUZA - vulgo “Pio” ou “Gago”, brasileiro, união estável (em Liberdade)
3) JOÃO PAULO FERNANDES DA SILVA BRITO – vulgo “Cacado ou Caçador”, brasileiro, nascido em 14 de novembro de 1997
4) ANTÔNIO ALCIVAN FERNANDES JÚNIOR - – vulgo “Macaíba ou Juninho Mangabeira”, brasileiro, nascido em 26 de abril de 1999 (morreu em confronto com a Policia)
5) MARCOSUEL FERNANDES BELARMINO – vulgo “Suel”, brasileiro, solteiro, nascido em 03 de março de 1995 (Julgado e absolvido em Mossoró)
6) JOSÉ FERNANDES DA SILVA – vulgo “Dedé do Fogo”, brasileiro, nascido em 31 de outubro de 1983 (julgado em Parnamirim e absolvido)
7) PEDRO IGOR REBOUÇAS DA COSTA – vulgo “Vaqueiro”, brasileiro, nascido em 07 de dezembro de 2000 (Julgado em Mossoró e absolvido)
8) MELQUISEDEQUE ELIZIO FERNANDES DE FREITAS GONDIM – vulgo “Melk”, brasileiro, nascido em 23 de janeiro de 1986
9) BEATRIZ MONIQUE DA SILVA OLIVEIRA, brasileira, solteira, portador do CPF/MF nº 707.424.244-64, nascida em 15 de abril de 1999
10) BRENO RENAN DA SILVA – vulgo “Breno Neguinho”, brasileiro, nascido em 26 de fevereiro de 2002
11) PAULO SÉRGIO GOMES DE SOUZA - vulgo “Cabra bom de Janduís”, brasileiro, nascido em 18 de janeiro de 1980
Segundo a denúncia assinada pelo promotor de Justiça Paulo Carvalho Ribeiro, Neto de Nilton foi assassinado pelo grupo que se apresenta no submundo do crime como “Bonde do Cangaço Cabuloso”, liderado pelo preso de Justiça, Ranielly Brito de Azevedo, que está cumprindo pena por diversos outros crimes em vários municípios da Região, entre os quais Serra do Mel.
Segundo relata o MPRN, toda a trama para matar Neto de Nilton foi descoberto a partir de uma prisão em flagrante realizado pela Polícia Rodoviária Federal na BR 304, em Lajes, 5 dias após o assassinato em Campo Grande. Os suspeitos estariam em fuga.
Entre os presos neste veículo abordado pela PRF estava um dos acusados que hoje sentaram no banco dos réus, em Mossoró: Marcosuel. Os outros eram João Paulo, José Fernandes da Silva, o Dedé do Fogo (que já foi julgado e absolvido), e o motorista Fabrício Leandro.
Os suspeitos, segundo relata o MPRN, estavam se deslocando num táxi contratado em Campo Grande por Dedé do Fogo para ir deixar eles na Grande Natal, transportando as possíveis armas do Bonde do Cangaço Cabuloso usada no assassinato de Neto de Nilton e outros na região.
Com a prisão dos suspeitos, a Polícia Civil conseguiu que a Justiça quebrasse o sigilo dos telefones e através das trocas de mensagens, se descobriu tota a teia criminosa que terminou com a morte do então candidato a prefeito de Janduis pelo PSOL.
O assassinato teria sido planejado na Fazenda Pitombeira, do Melquisedeque Elício Fernandes de Freitas Gondim, o Melk, em Campo Grande. As conversas revelam que, após matar Neto de Nilton, o grupo festejou tomando cerveja na companhia de mulheres de programa.
A denúncia do Ministério Público Estadual é bem detalhada. Em ressumo, diz que Neto de Nilton foi morto possivelmente por encomenda de Elzimar Izídio de Sousa, que teria agido em conjunto com Paulo Sérgio e Ranielly Brito, e que os executores foram João Paulo Fernandes da Silva Brito e Antônio Alcivan Fernandes Junior, com a colaboração dos demais denunciados.
No júri, o promotor de Justiça Italo Moreira Martins pediu a absolvição por falta de provas pelo assassinato de Netinho de Nilton e pediu a condenação dos réus por formação de grupo de extermínio. A defesa trabalha com a tese de negativa de autoria.
O conselho de Sentença, composto por 4 mulheres e três homens, entendeu que os réus Marcosuel e Pedro Igor, que estão presos desde 2021 por este crime, deveriam ser absolvidos e, na hipótese de não haver outra razão para estarem presos, serem postos em liberdade.