O Tribunal do Júri Popular da Comarca de Mossoró condenou, nesta quarta-feira, 30 de julho de 2025, o trio acusado de promover um ataque brutal no bairro Barrocas, em 20 de agosto de 2023. Somadas, as penas aplicadas a Lenilson Martins Filgueira Neto, Pedro Marques Soares de Souza e Lucas Gabriel Silva Linhares ultrapassam um século de prisão.
Lenilson Martins Filgueira Neto, de 21 anos, conhecido como "Chiquinho", recebeu a pena de 30 anos e 5 meses de reclusão. Já Pedro Marques Soares de Souza, de 25 anos, o “Gaspar”, foi condenado a 40 anos e 3 meses de reclusão, e Lucas Gabriel Silva Linhares, de 24 anos, apelidado de "Sequestro", sentenciado a 36 anos e 6 meses de reclusão. O julgamento foi presidido pelo juiz Vagnos Kelly Figueiredo de Medeiros no Fórum Municipal Desembargador Silveira Martins.
O crime, ocorrido em meio a uma guerra de facções, tinha como alvo inicial Isac Micael Félix da Fonseca, com o objetivo de "espalhar o terror no bairro Barrocas". No entanto, os criminosos terminaram por assassinar Alexsandro Azevedo Faustino, que não possuía qualquer envolvimento com a disputa entre os grupos rivais que atuam nos bairros de Mossoró.
No momento do ataque, Alexsandro empurrava um carro junto com Rafael Filgueira da Silva, passando em frente à residência de Isac Micael, quando o trio chegou em um veículo e abriu fogo. Além de tirar a vida de Alexsandro, os atiradores feriram Rafael Filgueira com gravidade. Joyce Nayara de Souza, esposa de Isac Micael, também foi atingida e prestou depoimento aos jurados durante o julgamento nesta quarta-feira.
Durante a sessão, o promotor de Justiça Armando Lúcio Ribeiro destacou um momento chocante do ataque, quando o réu Lenilson Martins, o Chiquinho, proferiu a frase: "quem mora em lugar de safado, é safado também", evidenciando a crueldade e a intenção de amedrontar a comunidade.
O Julgamento:
A sessão de julgamento teve início às 9 horas da manhã com o sorteio dos sete jurados que compuseram o Conselho de Sentença. Em seguida, o juiz Vagnos Kelly conduziu o depoimento por videoconferência de Joyce Nayara, que detalhou os fatos e respondeu às perguntas dos advogados de defesa dos três réus.
Os três réus, ao serem chamados para depor, negaram veementemente a prática dos crimes. "Chiquinho" alegou que a acusação se devia à guerra entre facções nos bairros. "Gaspar" afirmou não ter a mínima ideia do motivo pelo qual estava sendo acusado de espalhar terror no bairro Barrocas, resultando em uma morte e dois feridos. "Sequestro" declarou-se inocente, afirmando que em agosto de 2023, mês do crime, estava na fazenda de um amigo, na zona rural, ajudando a fazer "garrafadas" (bebidas caseiras).
Após os depoimentos, o plenário foi liberado por duas horas para o promotor Armando Lúcio Ribeiro apresentar as acusações contra os réus. Em seguida, os advogados de defesa, Dr. Otoniel Maia Júnior, Dr. Jerônimo Azevedo e Dr. Jesimiel dos Santos Azevedo, dividiram o mesmo tempo para apresentar os argumentos em favor dos acusados.
Encerrados os debates, o Conselho de Sentença se reuniu em sala secreta para decidir o destino do trio. Diante dos quesitos aprovados, o juiz Vagnos Kelly realizou a dosimetria das penas.
Os advogados de defesa dos condenados terão um prazo de cinco dias para recorrer da decisão do Conselho de Sentença. Por já estarem presos, Lenilson Martins Filgueira Neto, Pedro Marques Soares de Souza e Lucas Gabriel Silva Linhares permanecerão detidos.