Em um cenário de desafios contínuos na segurança pública estadual, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, anunciou nesta segunda-feira (28) um significativo reforço para a Polícia Civil do estado. Serão convocados 400 novos classificados do último concurso para o Curso de Formação, com início previsto para novembro de 2025.
Esta medida visa fortalecer as atividades de investigação, atendimento e combate ao crime organizado, as facções, em todo o território potiguar. Com essa convocação, o Governo do Estado está aumentando o contingente à disposição das delegacias para as investigações dos mais diversos crimes, em especial aqueles contra a vida.
Os desafios são grandes, e a necessidade de reforço policial é evidenciada por uma série de ocorrências recentes em diversas cidades do Estado. Nos últimos dias, a região de Mossoró, que fica no Oeste do Rio Grande do Norte:Um ataque a tiros na Vila Pomar, no Complexo Maisa, zona rural de Mossoró, que deixou um cearense morto (José Adaiton Pontes Souza, o "Zé Magrinho") e um baleado (identificado apenas por "Leleu"). Este é o quadragésimo terceiro homicídio em Mossoró neste ano.
Em Mossoró, no final da tarde da última sexta-feira (25), um estofador identificado como Luis César de Freitas Farias, de 41 anos, foi executado a tiros no bairro Sumaré.
No último sábado (27), um homem foi assassinado em uma emboscada no Sítio Gangorrinha, zona rural de Governador Dix-Sept Rosado, que fica distante 36 km de Mossoró.
Já em Baraúna-RN, distante 36 km de Mossoró, teve um ataque que deixou duas mortes: dois bandidos foram matar o vigilante Franklin Raniere da Silva, de 41 anos, e terminaram matando, também, a vendedora de pastel Sonaria Maia Dias Cavalcante, de 40 anos. Este ataque violento foi gravado pelas câmeras de vigilância do bairro. Mostra que os assassinos queriam a bolsa que estava nas costas da vítima Franklin Raniere da Silva.
Ainda no Oeste do Rio Grande do Norte, precisamente no município de Umarizal, distante 130km de Mossoró, o agricultor João Batista da Silva, o João de Tião, de 38 anos, foi executado por dois homens que fugiram numa motocicleta.
Esses casos somam-se a outros delitos ocorridos em outras regiões do Rio Grande do Norte que demonstram a persistente necessidade de mais policiais civis trabalhando para continuar a redução no número de condutas violentas letais contra a vida no Rio Grande do Norte. Investigações de crimes desta natureza, muitas as vezes, fica meses e até anos sem uma elucidação concreta, por falta de delegados, agentes e escrivãs.
Os convocados nesta segunda-feira, 28, pela Governadora Fátima Bezerra, será a terceira turma na atual gestão, são:
300 agentes
50 escrivães
50 delegados
Esta iniciativa da gestão estadual demonstra compromisso com a valorização dos profissionais de segurança e o fortalecimento das instituições de combate à criminalidade, em especial a Polícia Judiciária. A Polícia Civil do RN celebra essa nova etapa, que representa mais um passo para atender aos anseios da sociedade no que se refere a esclarecimentos de homicídios.
A necessidade de reforço no efetivo policial é corroborada pelas estatísticas de violência no estado. O Rio Grande do Norte tem se destacado nos últimos anos pela redução das Condutas Violentas, Letais e Intencionais (CVLIs), que incluem homicídios dolosos, latrocínios, feminicídios, lesões corporais seguidas de morte e intervenções de agentes do Estado.
2023: O estado registrou 1.026 MVIs, uma redução de 15,63% em comparação com 2022 (1.216 MVIs), sendo a maior diminuição do Brasil naquele ano. O Rio Grande do Norte foi o segundo estado do país que mais reduziu a violência em 2023. Especificamente, os homicídios dolosos caíram de 980 em 2022 para 805 em 2023, uma redução de 17,86%.
2024: O estado continuou a tendência de queda, com uma redução de 42% nas mortes violentas em comparação com 2023, alcançando o menor índice em 14 anos para o mês de dezembro, que registrou 73 homicídios. De janeiro a abril de 2024, foram 316 mortes violentas, contra 364 no mesmo período de 2023.
2025 (janeiro): O Rio Grande do Norte teve o menor número de mortes violentas já registrado para o mês desde o início da série histórica em 2011, com 82 homicídios, uma queda de 9,9% em relação a janeiro de 2024.
Esta redução ano após anos dos casos de CVLIs é creditado ao reforço da polícia Militar, da polícia Forense, da Polícia Civil e, também, segundo o secretário Estadual de Segurança Pública e Defesa Social, Coronel Araújo, a integração de forças de segurança entre os estados, no enfrentamento direto ao crime organizado, trabalho focado contra as facções.
Neste final de semana, as forças de segurança da Grande Natal se uniram em torno de um trabalho pesado para conter Marcelo Pica Pau, um dos homens mais temidos no Rio Grande do Norte. Com a união de forças, o criminoso e outras duas pessoas que davam suporte foram eliminados. Os delegados exaltaram, exatamente, a união das forças policiais.
Atualmente, o efetivo da Polícia Civil no Rio Grande do Norte conta com 1.561 policiais. Este número está abaixo do previsto em lei, que seria de 5.160 policiais civis para o estado. A chegada de 400 novos policiais civis é crucial para mitigar esse déficit e aprimorar a capacidade de investigação, o que tende a aumentar o percentual de casos concretos de homicídios esclarecidos, contribuindo para uma maior resolutividade e combate à impunidade.
O que também pode contribuir com a redução dos casos de crimes contra a vida, é a Justiça julgar os casos esclarecidos pela Polícia, como a morte do motorista de aplicativo José Clerian da Silva, ocorrido no dia 14 de agosto de 2024. Graças ao empenho dos policiais, sob o comando da delegada Cristiane Magalhães, o caso foi esclarecido e nesta terça-feira, o principal acusado, João Paulo Lima de Moura, vai sentar no banco dos réus para responder por homicídio qualificado, ameaça e ocultação de cadáver.
Aumentando a capacidade de investigação e a celeridade na elucidação desses casos, como ocorreu com o caso do motorista de aplicativo José Clerian da Silva, a sensação de impunidade tende a reduzir no seio social e consequentemente, o número de caso de homicídio, em especial aqueles motivados por vingança. E, para que isto ocorra, é crucial que as delegacias recebam reforços de mais agentes de polícia civil, escrivãs e delegados.