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MOSSORÓ
20/05/2019 10:46
Atualizado
20/05/2019 15:10

De vendedor de cocada a Doutor Machado Junior

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A incrível trajetória do advogado trabalhista mossoroense Machado Junior que quando criança catou lixo, vendeu picolé e cocaca e se formou em direito na UNP vendendo rifas e que hoje pleiteia o cargo de desembargador no TRT/RN com o objetivo de ampliar o sonho da adolescência: promover a justiça social
Imagem 1 -  A incrível trajetória do advogado trabalhista mossoroense, Machado Junior, que quando criança catou lixo, vendeu picolé e cocada e se formou em direito na UnP vendendo rifas. Hoje ele pleiteia o cargo de desembargador no TRT/RN, com o objetivo de ampliar o sonho da adolescência: promover a justiça social.
A incrível trajetória do advogado trabalhista mossoroense, Machado Junior, que quando criança catou lixo, vendeu picolé e cocada e se formou em direito na UnP vendendo rifas. Hoje ele pleiteia o cargo de desembargador no TRT/RN, com o objetivo de ampliar o sonho da adolescência: promover a justiça social.

Na tarde do dia 5 de outubro de 1988, precisamente às 15h54, Ulysses Guimarães (PMDB/SP) promulgou a Nova Constituição Brasileira, com a seguinte frase: "Declaro promulgado o documento da liberdade, da democracia e da justiça social do Brasil".  

Neste mesmo ano, distante 2.265 km da Praça dos Três Poderes, em Mossoró, um garoto de 10 anos, mesmo sem ter conhecimento da memorável frase do “Senhor Diretas” ou discernimento sobre a importância daquele momento político para os brasileiros, iniciava sua trajetória para ajudar aos pais a criar os irmãos e a estudar até se formar em direito.

“O sonho não demorou a se desenhar com nitidez em minha cabeça. Aos 13 anos não tinha dúvidas de que deveria estudar para se graduar em direito e lutar por justiça social”, narra o advogado trabalhista Manoel Machado Junior, hoje com 41 anos, casado e três filhos.

Machado confirma que aos 10 anos “não tinha noção do que falou o senador Ulysses Guimarães no Congresso Nacional, mas três anos depois estava bem claro em minha cabeça o que eu queria ser: advogado para promover justiça social”, assegura.

Seguindo os ensinamentos dos pais (servidor público Manoel Machado da Costa e da dona de casa Rosa de Lourdes de Amorim Costa), o jovem Machado saiu de casa em casa procurando qualquer serviço que lhe rendesse algum dinheiro. Queria ajudar os pais a criar os 4 irmãos.

“Se tinha lixo para botar para fora, eu botava. Se tinha que limpar o mato do quintal, eu limpava. Quando nada disto aparecia, eu separava as peças de metais, plástico, papelão do lixo e vendia. Só não trabalhava na hora de ir para a escola”, diz Machado Junior.

Machado cursou o primário na Escola Estadual Dr. Everton Cortez, no Bairro Planalto 13 de Maio, onde morou com os pais até 2003. Revela que ganhou “marra” trabalhando, estudando e ouvindo os conselhos dos pais. Mas separar lixo não lhe rendia o suficiente.

Por esta razão, Machado diz que buscou outros meios para ajudar em casa na adolescência. Passou a vender picolé, dindim e cocadas feitas pela vizinha. Ainda assim era pouco para ajudar os pais. Para melhorar o rendimento, criou um expediente de trabalho noturno.

“Havia um vizinho torneiro que fazia aqueles martelos para os motoristas de caminhões verificar os pneus. Passei a vender martelos à noite naquele posto do entroncamento e naquele outro depois do Laçador. Vendia martelos e cocadas aos motoristas”, lembra.

Chegou o momento de ingressar no 2º grau. Contou com a ajuda de um amigo do pai para se matricular no curso de contabilidade na Escola Técnica do Comércio União Caixeiral, no Centro de Mossoró. No mesmo ano, conseguiu vaga para estagiar no Banco do Nordeste do Brasil.

Ao concluir o segundo grau, em 1997, Machado Junior precisava superar outro desafio para alcançar seu sonho: conquistar uma vaga na Faculdade de Direito, que na época era o mais disputado entre todos os cursos na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

Tentou duas vezes e não foi aprovado no vestibular. Para sobreviver nesta época, Machado Junior passou a vender rifa. Fazia rifa de motos, bicicletas entre outros utensílios de uso popular. Fazia os bilhetes numa gráfica e saia na rua vendendo aos amigos.

No final de 2002, Machado Junior decidiu ingressar na UNP. Fez a prova e passou. Em 2003 se casou com Ana Paula da Silva Machado e foi morar no Bairro Sumaré. “Tinha mês que o lucro das rifas não dava para fazer a feira e pagar a faculdade”, conta.

“Mas eu negociava com a faculdade, parcelava, ia se apertando e pagando. Em 2004, nasceu o primeiro filho. Precisei e recebi apoio dos amigos, da família e não desistir”, conta Machado Junior, que concluiu o curso de Direito na UNP em 2007 e no mesmo ano foi aprovado na OAB.

“Comprei um birô, cadeiras e uma impressora. Eu já tinha o computador. Assim montei meu escritório e já comecei a procurar clientes”, diz Machado Junior, que se especializou em causas trabalhistas, com banda no escritório por trás do Teatro Lauro Monte Filho. 

Machado Junior, que hoje está com três filhos (um de 15 e dois de 6 anos - gêmeos), conseguiu realizar o seu grande sonho de criança de ser advogado trabalhista e já embarcou em outro sonho: ser desembargador do Tribunal Regional Trabalho (TRT) do Rio Grande do Norte.

Machado revelou que está inscrito para concorrer a uma vaga de Quinto Constitucional no TRT/RN no próximo dia 12 de julho. “Lá terei mais chances de fazer mais Justiça Social e ajudar meus colegas advogados a fazer o mesmo, com mais celeridade”, diz.

Machado lembra que para assinar a Carta Magna, Ulysses Guimarães, recebeu diversas canetas douradas, mas optou por uma trazida pelos trabalhadores do Congresso. “Eu uso e sempre vou usar esta mesma caneta, porque assim como Ulysses Guimarães, que homenageou os trabalhadores que lhe ajudavam na elaboração da Constituição Federal, quero continuar minha trajetória em defesa da Justiça Social”, concluiu.

O 5º Constitucional

A vaga do 5º Constitucional abriu com a morte do desembargador José Rego Junior, no início deste ano, vítima de um infarto, em sua casa de praia perto de Natal. Para a escolha do substituto, a OAB faz uma votação entre os 5.300 advogados inscritos (23 estão candidatos) e escolhe seis nomes. Destes seis, o Plenário do TRT elimina três e apresenta a lista tríplice para o Presidente da República nomear o futuro desembargador do TRT/RN.

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