28 MAR 2024 | ATUALIZADO 15:39
POLÍCIA
19/04/2019 12:09
Atualizado
22/04/2019 15:28

[OPINIÃO] Acusado por um amigo de destilar ódio, padre o responde

Antes de responder quero afirmar que no nosso relacionamento cabem todos esses questionamentos, sem provocar uma rusguinha que seja na nossa amizade, construída há mais de 30 anos. E que, apesar das nossas diferenças, o nosso Amor está acima de tudo.

Por Manoel Vieira Guimarães


Vou tentar responder aqui a um amigo muito querido que não aceita minhas postagens sobre política. Para ele, quando escrevo sobre assuntos de Fé de forma asséptica, quer dizer, sem envolver os conflitos do mundo, eu sou brilhante e ele vibra.

Mas quando falo sobre política eu só destilo ódio e ele fica chateado.

Acho que ele está confundindo alhos com bugalhos e que esta discussão sobre o papel da Igreja restrito apenas à Sacristia está defasada em mais de cinquenta anos e, historicamente, só favoreceu os grandes.

Que, ao invés de falar do Bozo (pra usar um termo que ele mesmo escreveu) eu deveria suscitar mais esperança. Afinal de contas, “ele está apenas começando”. Ah, me acusa também de ser de esquerda e, brincando comigo, me chama de “Comunista comedor de fígado de criancinhas”.

Antes de responder quero afirmar que no nosso relacionamento cabem todos esses questionamentos, sem provocar uma rusguinha que seja na nossa amizade, construída há mais de 30 anos. E que, apesar das nossas diferenças, o nosso Amor está acima de tudo.

Acho que, sem se dar conta, ele tocou nas três Virtudes Teologais (Fé, Esperança e Amor) e eu vou tentar responder “assepticamente”, mas vou logo avisando que vai ser muito difícil e não garanto que vou conseguir. Mas vamos lá:

1. Na Carta aos Hebreus 11, 1 existe a melhor definição sobre a Fé que eu conheço: “A fé é um modo de possuir aquilo que se espera, é um meio de conhecer realidades que não se veem”. Mas, como para alguns essas palavras soam de forma muito abstrata, completo com a frase de S. Thiago em sua carta cap. 2, 14-17: “Meus irmãos, que interessa se alguém disser que tem fé em Deus, e não fizer prova disso através de obras? Esse tipo de fé não salva ninguém. Se um irmão ou irmã sofrer por falta de vestuário, ou por passar fome, e se vocês lhe disserem: ‘Procure viver pacificamente, e vá­ se aquecendo e comendo como puder’, e se não lhe derem aquilo de que ele precisa para viver, uma tal resposta fará algum bem? Assim também a fé cristã, se não se traduzir em atos, é morta em si mesma”. Esta é a fé que eu procuro professar.

2. O povo diz que “a esperança é a última que morre”, mas o Teólogo Leonardo Boff contesta. Ele diz que “só morre aquilo que é. Como a esperança ainda não é, ela não pode morrer”. Pra mim a esperança tem tudo a ver com a Vida e não com a morte. Portanto, não me peça para ter esperança no nosso Presidente e na sua equipe e não é porque ele ainda não teve tempo. Mas é por causa do histórico dele: afastado do Exército por insanidade mental, entrou na política e em quase 30 anos foi de uma mediocridade impressionante, aprovando apenas uns dois ou três projetos e fez uma campanha vergonhosa à base de mentiras (fake news), fugindo de debates e sem apresentar nenhuma proposta a não ser matar, destruir, acabar. Não é à toa que o símbolo desta campanha tenha sido uma arma ou a mão em posição de atirar. Assumiu e nas suas primeiras viagens internacionais passou vexames e provocou constrangimentos expondo o nosso país ao ridículo e comprometendo algumas relações comerciais. Pra mim ódio é o que ele e seus seguidores dizem e fazem: tiraram uma Presidenta honesta do poder em nome de uma luta mentirosa contra a corrupção e colocaram lá os políticos mais comprovadamente corruptos levando o país à situação em que se encontra. Sem falar da farsa da prisão de Lula sem nenhuma prova, apesar de tudo que fizeram com ele e seus familiares nesses últimos 30 anos, submetendo-os a todo tipo de humilhações sem nem ao menos poupar as crianças. Ódio é desejar que uma pessoa morra de câncer e comemorar a morte de alguém. Eu não tenho ódio.

3. Pra mim o contrário do Amor não é o ódio. É o medo, segundo o Pe. Tony de Mello. Porque o Amor conduz à ação e o medo paralisa a ação. E eu tenho medo do Presidente e da sua equipe. Não consigo encontrar nenhuma pessoa confiável nela: todos me parecem comprometidos em dificultar a vida dos pobres, sem falar nas inúmeras bobagens que dizem (cada dia é uma “pérola” diferente) transformando o Brasil, antes tão respeitado, em motivo de piadas. Ele parece totalmente perdido sempre envolvido nas trapalhadas ou dos seus Ministros ou de seus familiares. Não existe um plano de governo, por isso ele fugia dos debates. E até agora não apresentou nada de concreto para combater os enormes desafios que estão à nossa frente. A direita o apoia, como sempre apoiou tudo que prejudica a vida dos pobres. Portanto, não me peçam para me alinhar com essa gente. Eu estou do outro lado e muito bem. E acredito que bastante coerente com o que eu acho que está de acordo com o Evangelho. Se eu incomodo é sinal de que estou do lado certo porque os Profetas do Antigo Testamento incomodaram como Jesus também incomodou e por isso O mataram.

Termino com as palavras do Apóstolo S. Paulo na I Coríntios 9, 16: “Anunciar o Evangelho não é título de glória para mim; pelo contrário, é uma necessidade que me foi imposta. Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho”.


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