Mesmo com chuvas, volume dos reservatórios não deve passar dos 30% da capacidade, diz especialista
Para José Espínola, dificilmente os reservatórios chegarão a 50% da capacidade, por conta da irregularidade das chuvas. Atualmente, a Barragem Armando Ribeiro, Santa Cruz do Apodi e Umari estão com pouco mais de 10% de sua capacidade.
Valéria Lima
As chuvas voltaram a cair com força no Rio Grande do Norte nos últimos três dias, especialmente nesta quarta-feira, 28. Fato que trouxe esperança para os sertanejos, que sofrem com o sexto ano de seca consecutiva. O grande volume de chuvas é necessário não só para as plantações, mas também para encher os reservatórios do Estado, que estão, em sua grande maioria, secos.
Para o meteorologista e professor de Ciências Ambientais e Tecnológicas da UFERSA, José Espínola Sobrinho, mesmo com quantidade de chuva que chegou à região, a estimativa é que os reservatórios do estado terminem o inverno com volume entre 25% e 30%, o segundo ele, já é uma vitória. A partir das análises feitas, Espinola não acredita que os reservatórios chegarão a 50% de sua capacidade até o final do inverno.
"A natureza muda de uma hora para a outra, mas acreditamos que se os grandes reservatóriso como Armando Ribeiro, Santa Cruz e Umari, chegarem até final de maio com 25% a 30% de sua capacidade, será um ganho muito grande, porque com a irregularidade com que as chuvas têm acontecido, de não chover nas bacias hidrográficas desses reservatórios, aonde deve ter vários reservatórios que precisam primeiro encher, a 50% dificilmente nós chegaremos", explicou Espínola em entrevista ao MOSSORÓ HOJE.
A situação do Rio Grande do Norte é crítica em relação ao volume dos reservatórios. O maior do Estado, Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, localizado em Assú, tem capacidade para 2,4 bilhões de metros cúbicos e está com apenas 11% de capacidade. Em linhas gerais, é o que se pode chamar volume morto, ou seja, o volume que acumula á insuficiente para a água descer por gravidade no rio Piranhas/Açu.
A Barragem de Santa Cruz, em Apodi, outro imporante reservatório do Estado, está com apenas 13% de sua capacidade, que é 599.712 milhões de metros cúbicos. Com mais de 292,8 milhões de metros cúbicos, o reservatório de Umari, em Upanema, está com apenas 12% de sua capacidade.
Estes reservatórios, além da Barragem de Pau dos Ferros, a Barragem de Acari, o Açude Itans em Caicó, o Tourão, em Patu, entre tantos outros de menor porte, que secaram durante os 5 anos de seca, pegaram pouca água neste inverno. Caso não cheguem a 50%, haverá dificuldades de abastecimento, em especial nas cidades que são abastecidas com a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves.
José Espínola destaca que desde o final do ano passado, as previsões eram de que o período chuvoso de 2018 seria na média ou acima da média. "Isso aconteceu em janeiro e fevereiro, e agora em março sugiram uns fatos novos, um centro de alta pressão que se formou aqui na região, e de três dias para cá, este centro perdeu força, e formou-se um vórtice ciclônico, que puxou a zona de convergência, que é o principal sistema que traz chuva para nossa região, esse sitema está formado, deve ficar de quatro a cinco dias, mas não podemos afirmar que até maio agora é chuva direto sem parar, de qualquer maneira já é uma vitória das chuvas terem voltado para nossa região no mês de março, e abril e maio ainda é período de chuva aqui na nossa região", detalhou o especialista.