A situação dos pacientes que aguardam o retorno das cirurgias eletivas em Mossoró se agrava a cada dia. Após a Prefeitura ter suspendido os procedimentos, cerca de 1,8 mil pessoas esperam na fila a realização das cirurgias, sendo aproximadamente 600 ortopédicas.
Diante da falta de resolução por parte dos gestores públicos, os pacientes e seus familiares estão buscando alternativas para viabilizarem o procedimento, como rifas. É o caso de Maria Lucilene.
Vítima de acidente de trânsito a caminho do trabalho no início da noite do último dia 30, ela fraturou as duas pernas e agora precisa ser submetida à cirurgia. Lucilene segue internada no Tarcísio Maia, ao lado de aproximadamente outros 50 pacientes que também esperam por cirurgias ortopédicas.
Para arcar com as despesas em um hospital particular, os familiares de Lucilene contraíram empréstimos a juros e agora estão promovendo um sorteio de dois perfumes e um creme para mãos, ao custo de R$ 10 o bilhete, para quitarem a dívida.
A cirurgia já está agendada para a próxima segunda, 5. Quem quiser ajudar, pode adquirir o bilhete da rifa na academia CTV, localizada na rua Venceslau Braz, Paredões, procurar por Lucivânia. Se preferir, pode fazer o depósito do valor na conta do irmão de Lucilene: Edcarlos Lima de Morais – Agência 47112 – Conta Poupança 7442-0 – Banco do Brasil, e encaminhar os dados para preenchimento do cupom para Lucivânia, por meio do contato 9 9642-4481.
Saúde X MCJ
Nas redes sociais, a população tem questionado o investimento que a gestão da prefeita Rosalba Ciarlini vem fazendo para viabilizar o Mossoró Cidade Junina, ao mesmo tempo em que questões como o retorno das cirurgias eletivas não são efetivamente resolvidas.
O secretário municipal de Saúde, Benjamin Bento, até propôs uma medida como solução para o problema, o Termo de Cooperação entre Entes Públicos, ou Termo de Cooperação Técnico Financeiro, que já vem sendo discutido desde 2016.
No entanto, os valores oferecidos pelo Município não são considerados atrativos pelos médicos, conforme já relatou o MOSSORÓ HOJE. Para se ter uma ideia, a Prefeitura quer pagar de complementação, por exemplo, para uma cirurgia de fêmur, R$ 211,02 para um médico mais auxiliar.
Para o diretor da Clínica de Anestesiologia de Mossoró (CAM), Ronaldo Fixina, a proposta de complementar 100% a Tabela SUS, desatualizada há 20 anos, é quase que uma “prostituição”. O diretor da Sociedade de Ortopedia de Mossoró, Manoel Fernandes, classificou a proposta como “inviável”.
A medida também preocupa o Conselho Regional de Medicina. Conforme o presidente do CRM, Marcos Lima, a proposta fere o código de ética médica e acaba por inviabilizar a implantação do Termo de Colaboração Entre Entes Públicos (TCEP).