20 JUL 2025 | ATUALIZADO 13:16
ESTADO
05/07/2025 20:22
Atualizado
05/07/2025 22:03

Grossos-RN é ponto de partida de pesquisa científica no Nordeste

A+   A-  
Projeto Rede Maris, coordenado pelo professor Gustavo Henrique, da UFERSA, com financiamento do Governo Federal, vai analisar a produção de marisco no litoral do Nordeste, promovendo o compartilhamento do conhecimento, apontando caminhos da pesca sustentável, especialmente do marisco. O projeto prevê a construção de uma unidade de beneficiamento de marisco para as marisqueiras de Grossos-RN além de um estudo do IDIARN apontando o qualidade do marisco pescado. Será o primeiro certificado desta natureza no Brasil
Imagem 1 -  Projeto Rede Maris, coordenado pelo professor Gustavo Henrique, da UFERSA, com financiamento do Governo Federal, vai analisar a produção de marisco no litoral do Nordeste, promovendo o compartilhamento do conhecimento, apontando caminhos da pesca sustentável, especialmente do marisco. O projeto prevê a construção de uma unidade de beneficiamento de marisco para as marisqueiras de Grossos-RN além de um estudo do IDIARN apontando o qualidade do marisco pescado. Será o primeiro certificado desta natureza no Brasil
Projeto Rede Maris, coordenado pelo professor Gustavo Henrique, da UFERSA, com financiamento do Governo Federal, vai analisar a produção de marisco no litoral do Nordeste, promovendo o compartilhamento do conhecimento, apontando caminhos da pesca sustentável, especialmente do marisco. O projeto prevê a construção de uma unidade de beneficiamento de marisco para as marisqueiras de Grossos-RN além de um estudo do IDIARN apontando o qualidade do marisco pescado. Será o primeiro certificado desta natureza no Brasil
Foto Cedida

O município de Grossos, na região da Costa Branca do Rio Grande do Norte, será o ponto de partida para uma pesquisa no litoral dos nove estados do Nordeste sobre a atividade de coleta de marisco. A pesquisa científica já começou e deve ser concluída em 2 anos.

Está sendo conduzida pelo professor doutor em biociência Gustavo Henrique Gonzaga da Silva, do Centro Integrado de Laboratórios em Produção Animal e Recursos Hídricos da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), Campus Central, em Mossoró-RN.

O trabalho está sendo financiado (R$ 2 milhões) pelo Ministério da Pesca, através Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), dentro do Plano Nacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pesca Amadora e Esportiva.

O levantamento técnico, conduzido pelo pesquisador Gustavo Henrique, é para o Ministério da Pesca, mas será crucial para o desenvolvimento da pesca do marisco sustentável no litoral brasileiro. “O conhecimento será partilhado com as comunidades”, destaca o professor.


Gustavo Henrique disse que as universidades federais, estaduais e Institutos Federais dos estados do Nordeste estão engajadas no projeto Rede Maris. Ao todo, 67 pessoas atuando na pesquisa e se observar o apoio dos pescadores e pescadoras, são centenas envolvidos.

O trabalho também conta com institutos estaduais e federais, como IDEMA, IBAMA, IDIARN, SENAR. Dos municípios, estão engajados, as colônias e associações de pescadores, como a Associação de Pescadoras e Artesãs do Município de Grossos.

“É para o bem comum”, assegura o pesquisador Gustavo Henrique, observando que os próprios pescadores e pescadoras de marisco vão alimentar o banco de dados da pesquisa, mostrando o quanto coletam, onde coletam, o tamanho da área que trabalham, etc.

Este trabalho será repetido com intervalos de tempo previsto na pesquisa científica e depois analisando pelos especialistas se está havendo o repovoamento do marisco ou não nas áreas que aconteceram as pescas. Esta pesquisa vai ser crucial para evitar pesca predatória.

O professor não descarta a possibilidade também de haver uma análise sobre a qualidade do marisco coletado ao longo da costa do Nordeste. Gustavo Henrique destaca que serão percorridos “vários caminhos” no litoral, mas com um olhar da ciência.

O papel relevante da pesca artesanal


Gustavo Henrique confirma que meta é exatamente orientar, não só os marisqueiros e marisqueiras o local adequado, como fazer esta coleta e também o intervalo de tempo adequado entre uma mariscagem e outra, mas também levar este conhecimento, por meio de palestras, nas escolas dos municípios litorâneos, como é o caso de Grossos.

O projeto Rede Maris aponta que a pesca artesanal representa cerca de 40% do total das capturas pesqueiras marinhas. Possui papel relevante na segurança alimentar e no uso sustentável dos recursos naturais. Acrescenta que aproximadamente 90% dos pescadores do mundo são artesanais, sendo que a grande maioria atua em países em desenvolvimento.

O professor Gustavo Henrique acredita que, ao final da pesquisa, o que deve ocorrer no final de 2026, unindo os conhecimentos adquiridos ao longo do nordeste e compartilhando entre as marisqueiras e marisqueiros, por meio de uma rede colaborativa, vai fortalecer a atividade ao longo do Nordeste e também de parte da região Norte do Brasil.

Saúde do catador de búzios


Entre os objetivos da pesquisa Sá Rede Maris, para além do compartilhamento do conhecimento, a cata sustentável, o professor Gustavo Henrique enfatiza no projeto a necessidade de conhecer as condições de trabalho e a saúde das marisqueiras e marisqueiros.

É um objetivo específico da pesquisa, identificar doenças laborais associadas à mariscagem e desenvolver estratégias para minimizar essas condições, quem sabe até políticas públicas municipais, estaduais e até federais em benefício do trabalhador ou trabalhadora.

“Uma vez diagnosticado o quadro patológico em função da atividade da pesca, os pesquisadores vão sugerir tratamento destas lesões, seja por esforços repetitivos, distúrbios osteo musculares e até mesmo câncer de pele nos trabalhadores desta atividade.

Pesca predatória acaba com o búzio em Icapuí-CE

O trabalho será crucial para restaurar a atividade da pesca do marisco no litoral de Icapuí, no Ceará. Nesta região do Nordeste, a captura do marisco foi tão intensa nas últimas décadas que, segundo as próprias marisqueiras, a atividade está inviável. Não tem mais marisco.

Sem marisco, cerca de 200 mulheres de Icapuí-CE, durante uma atividade entre colônias de pescadores, desembarcaram na Praia de Pernambuquinho, em Grossos-RN, e coletaram quase uma tonelada de marisco, no final de semana passada. O MH acompanhou esta mariscagem.

Ocorre que neste local, as marisqueiras de Grossos evitam catar marisco. Explicam que optam por trabalhar em outras áreas, onde não existem barcos a motor estacionados em manutenção ou passando. Segundo elas, não existe certeza da qualidade deste marisco.

Este cenário escassez de búzios no litoral de Icapuí-CE, devido à pesca predatória por décadas, pode se reverter com a orientação dos pesquisadores do Projeto Rede Maris, da UFERSA, de Mossoró, a partir de apontamentos científicos. É uma luz forte no horizonte.

Agregando valores ao marisco de Grossos-RN

Em Grossos, as marisqueiras estão animadas, não só pelo apoio científico do projeto Rede Maris, mas porque os cientistas vão ajudar elas a construírem e colocar em funcionamento uma unidade de beneficiamento de pescado, que vai agregar valores ao marisco.

Atualmente, para cada balde com 10 quilos de marisco na casca, se tira 2 ou 3 quilos de marisco, que são vendidos a R$ 30 reais o quilo. Havendo o beneficiamento, um processo que gera mais emprego e renda, o quilo do marisco pode render mais de R$ 100,00.


Notas

Tekton

Publicidades

Outras Notícias

Deixe seu comentário