Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) busca solução para o reuso da água proveniente da produção de óleo (efluentes), na Fazenda Belém, de propriedade da empresa 3R Petroleum, localiza no município de Icapui, no Ceará.
Nesta terça-feira (09), representantes da 3R Petroleum, juntamente com representantes da Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (Semace), vieram conhecer o andamento do Projeto Viabilidade Edafo-Ambiental do Reuso da Água produzida de Petróleo para irrigação e matérias-primas energéticas e/ou visando a geração de créditos de carbono, que tem a coordenação dos professores Frederico Ribeiro do Carmo e Daniel Valadão Silva.
Segundo o professor Frederico do Carmo, a visita representa uma fase importante do projeto, uma vez que é quando o financiador e o órgão ambiental que autoriza a implantação do projeto, conhecem in loco o trabalho executado pelos pesquisadores da Universidade. “Para a nossa equipe foi um dia de grande importância e de muito otimismo, pois o projeto vem ocorrendo de forma satisfatória, dentro do cronograma proposto. Estamos felizes com os resultados que foram obtidos até o momento”, revelou o coordenador.
Ainda segundo o professor Frederico, trata-se de um projeto que pode trazer muitos benefícios para a região que está inserida num contexto de escassez hídrica. “Queremos reutilizar a água na produção agrícola de matérias primas para a bioenergia, uma estratégia fundamental para o desenvolvimento sustentável do país”, explicou.
A 3R Petroleum assumiu a operação do Polo Fazenda Belém, sendo o polo um dos cinco sob concessão da companhia na Bacia Potiguar. Durante a visita, o gerente executivo da 3R Petroleum, José Luiz Marcusso, reconheceu a importância do trabalho de pesquisa. “Primeiro, sobre a ótica ambiental, é um projeto importante para o estado do Ceará com o apoio da Ufersa. Mas vejo também como a possibilidade de termos um crescimento da produção de petróleo e do campo de Fazenda Belém de forma mais sustentável”, considerou Marcusso.
O executivo também mencionou que “a 3R Petroleum adquiriu o Polo Fazenda Belém da Petrobras, iniciando sua operação em agosto de 2022. Na época, produzia 570 barris por dia, atualmente produz perto de 800 barris/dia. Temos condições de chegar a mais de 2 mil diários. A água produzida é uma realidade , porém, com a reutilização na irrigação será a melhor alternativa da Companhia para a sociedade, as comunidades do entorno, além de também gerar benefícios para a 3R Petroleum”.
“O projeto tem uma importância muito grande e esses experimentos que estão sendo realizados na Ufersa, que estou tendo a oportunidade de ver, deixam a gente muito animado. Acho que estamos no caminho certo, lógico que temos que seguir com as pesquisas, mas os resultados até agora são os melhores possíveis”, finalizou Marcusso, ao elogiar o trabalho desenvolvido pelo professores da Universidade.
O andamento do projeto que tem vigência até outubro de 2024, também recebeu conceito positivo do técnico da Superintendência de Meio Ambiente do Ceará (Semace), Alexandre Pinto, “Um experimento importante voltado para solucionar um problema da 3R Petroleum. Estamos em busca de uma solução que é justamente fazer o reuso do afluente na irrigação de plantas para produção de biomassa, muito valorizada pelas industrias de cerâmica e cimento, por exemplo. Vemos aqui uma solução inusitada, tanto em termos ambientais, quanto em termos de produção da Fazenda Belém”, considerou o técnico da Semace.
Quando implementado, o projeto poderá irrigar aproximadamente 170 hectares em área próxima ao Polo Fazenda Belém. “Estamos a encontrar uma solução ambientalmente correta para a água produzida de petróleo, que é esse projeto para irrigação de plantas para bioenergia, principalmente, eucalipto e capim elefante”, considerou Alexandre Pinto.
O professor Frederico explicou que na região há muitos campos maduros, cuja característica é a produção elevada de água. “Há poços na região que produzem 99% de água. Atualmente, o Polo Fazenda Belém produz em torno de 20 metros cúbicos de água para cada de óleo produzido. Já fiz algumas estimativas, o volume de água gerado pelas produtoras de petróleo na região pode representar em torno de 20% da água utilizada na irrigação no estado do Rio Grande do Norte. Estamos falando de muita água. Além disso, a utilização de água produzida de petróleo na irrigação já é realizada na Califórnia desde a década de 70, portanto, não estamos falando de algo fora da realidade. Obviamente que todo o cuidado para a escolha de plantas tolerantes, controle da salinidade do solo e outros aspectos ambientais devem ser tomados. Para isso, temos pesquisadores extremamente qualificados na Ufersa nessas linhas, como os professores José Francismar de Medeiros e Rafael Oliveira Batista.”, finalizou o coordenador do projeto.