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MOSSORÓ
Por Valéria Lima
20/08/2016 08:46
Atualizado
14/12/2018 05:40

Legado: Feira do Livro de Mossoró estimula produção literária local

Natural da zona rural de Mossoró, Nildo da “Pedra Branca” se alfabetizou aos 38 anos e foi através da Feira que ganhou espaço e visibilidade para a produção de seus cordéis.
Josemário Alves/MH
É inegável que a era “www” modificou o modo de leitura e percepção de mundo das pessoas. Seja de papel ou virtual, o livro sempre atrai olhares daqueles sedentos por boas histórias.

No cenário estadual e regional, a Feira do Livro de Mossoró tem se destacado como um dos mais importantes eventos do mundo da leitura. Todos os anos, milhares de estudantes, famílias e escritores se reúnem para apreciar a boa e velha arte da leitura, além de outras atividades culturais.

Neste ano, a feira está em sua 12ª edição e já começou, sendo realizada até dia 21 de agosto, no Expocenter. Anualmente, cerca de 20 escritores são lançados na Feira do Livro de Mossoró; 200 escolas, de 30 municípios, participam do evento. A Feira do Livro chega a reunir em média de 50 a 60 mil pessoas, todos em busca de diversão em forma de livro.

De acordo com o coordenador do evento, Rilder Medeiros, o principal objetivo da Feira do Livro de Mossoró é incentivar a leitura e a produção literária. “Sempre no início do ano, já tem muita gente nos procurando querendo lançar livro. Temos debates, apresentações culturais. A Feira do Livro é também um espaço para autores e colecionadores”, destacou.

(Foto: Bruno Martins)


O coordenador, que atua na Feira desde sua primeira edição, conta que a internet não impede a presença do público no evento, nem no gosto pela leitura. Pelo contrário, a internet é usada como um auxílio.

“A Feira é mais do que um lugar para venda de livros, é um lugar para encontros. Nós incentivamos a criação de blogs, a usar a internet a favor da leitura. Isso é o que importa. O desafio é fazer com que o público chegue à Feira, que é um encontro em torno da leitura, apresentações culturais, de conversas”, ressaltou.

O incentivo e apoio à produção cultural, relatada pelo coordenador, é fácil ser percebida nas palavras do agricultor e poeta José Antônio da Silva, o “Nildo da Pedra Branca”. Natural da zona rural de Mossoró, Nildo se alfabetizou aos 38 anos e foi através da Feira do Livro de Mossoró que ele ganhou espaço e visibilidade para a produção de seus cordéis.

O agricultor conta que aos oito anos de idade ouvia o pai e a mãe recitando cordéis para os amigos da comunidade. Desde então, sempre teve interesse na leitura, mas pela vida difícil no campo não tinha como frequentar a escola. Aos 30 anos, resolveu entrar no curso Educação para Jovens e Adultos (EJA), em uma escola de Mossoró. Desde então, se formou no ensino médio, escreve e estuda.

“Meus professores perceberam que eu gostava de escrever e levava jeito. Aí me chamaram para participar da Feira do Livro de Mossoró. Comecei a escrever, e lá sempre tem uns espaços para apresentações, desde então, eu, mesmo tímido, comecei a me apresentar com meus cordéis”, relatou Nildo.  

O poeta conta que foi na Feira do Livro que ele ganhou visibilidade na cidade. “Quando eu termino minha apresentação sempre ficam pelo menos umas dez pessoas para me convidar para outros eventos, principalmente em escolas”, disse o poeta, que ganhou três edições do Prêmio Literatura de Cordel da Cosern, uma das ações que integram a programação da Feira do Livro.

Tendo mais 11 irmãos, Nildo foi um dos três que conseguiu terminar o ensino médio. Atualmente, ele continua dividindo o tempo entre a agricultura e a poesia dos livros e literatura de cordel.  

“Sempre gostei de ler e a Feira me permitiu conhecer grandes escritores como Ariano Suassuna, Caco Barcelos e Antônio Francisco. A Feira abriu esse espaço”. 
Hoje, o poeta e agricultor possui com alguns amigos um grupo de apresentações culturais, o “Misturando poesias”. O grupo percorre escolas e comunidades rurais de Mossoró para divulgar o cordel e a cantoria de viola. “Quem lê mais, aprende mais. O mundo é a vitrine da vida e o livro a fantasia”, conclui.  
 

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