18 ABR 2024 | ATUALIZADO 18:21
Entrevista
Cezar Alves
18/07/2015 18:37
Atualizado
06/12/2018 05:51

Só vai melhorar a situação do RN se estivermos todos de mãos dadas pela paz

Em A ENTREVISTA desta semana, a secretaria Kalina Leite, de Segurança Pública do Rio Grande do Norte, avalia os primeiro seis meses de governo, reconhece a deficiência da Policia Civil, que o ITEP não existe e que está otimista quanto a fazer novo concurso para reestruturar a Policia Civil e que a segurança pública do RN só vai melhorar realmente "se estivermos todos de mãos dadas pela paz
Cézar Alves

MOSSORÓ HOJE (MH) – O Governo Robinson, em Campanha, falou em choque de gestão na Segurança Pública para reduzir a violência. De fato reduziu, porém os índices ainda são muito alto, muito preocupante. Qual sua avaliação destes primeiros seis meses de trabalho?

KALINA LEITE GONÇALVES (KLG) – É preocupante. A violência é crescente no Brasil todo, mas acho que o Rio Grande do Norte teve uma melhora, embora seja ainda muito grande o número das ocorrências, especialmente do crime contra a vida, que é o que mais preocupa, e essa melhora, eu diria que é motivo para comemorarmos, pois mais de 100 vidas foram poupadas, em relação ao mesmo período do ano passado. Reconhecemos que há muito o que fazer, sabemos que a política pública de polícia sozinha não se sustenta, temos que ter políticas públicas na área de educação, de esporte, de lazer, de cultura, de assistência, de emprego e de renda, para a gente mudar essa realidade do estado. Vivemos em um estado do Nordeste, onde a realidade econômica é muito precária e isso repercute diretamente no crime, mas de qualquer forma foi um avanço. O governo do estado está muito preocupado com a questão da segurança pública. Natal tem que ser um destino internacionalmente conhecido e isso passa também pela questão da segurança pública. E é importante que as pessoas divulguem que Natal é uma cidade bacana para você ir e que é um destino seguro. E nós estamos trabalhando sob a orientação do governador para que a gente reduza mais a cada dia esses números que tanto preocupa o cidadão potiguar.

 

MH – A senhora falou na crise econômica. Essa crise afetou tanto assim a segurança pública do nosso estado?

 

MH – Vamos comentar um pouco por setor. Como está a restruturação do ITEP?

KLG – O ITEP é preocupante. Nós temos duas grandes preocupações na segurança pública: que é a questão de recursos humanos e de estrutura física. Nós temos excelentes servidores, tanto nas polícias quanto no ITEP e no caso específico da polícia técnica, o governador sabe que precisamos passar por um reordenamento completo. O ITEP, eu diria que praticamente ele não existe. Ele precisa nascer, com uma legislação completa, comtemplando os cargos que são necessários e as funções que são necessárias para que a gente tenha um instituto de perícia condizente com a realidade que o estado precisa, que a justiça criminal precisa, porque a perícia faz parte fundamentalmente da impunidade ou da percussão criminal e daquilo que a gente quer investigar.

 

MH – Para formatar um processo investigativo, para um promotor ter uma boa peça na sua denúncia e para um juiz aplicar uma sentença justa, é muito importante a questão pericial, é isso mesmo?

KLG – Eu diria que é fundamental a questão pericial. Se discute a muitos anos a formatação do ITEP e eu acredito que este ano, ano de muita dificuldade, de mudança de governo, de mudança de equipe, mas nós já estamos há 6 meses, já evoluímos e eu tenho fé em Deus e acredito muito no governador, nos servidores que estão no ITEP e nas pessoas envolvidas nesse processo, o Diretor do ITEP é uma pessoa muito respeitada a nível nacional, é um gestor excelente. Então eu acredito que neste ano, nós colocaremos um ponto final nessa novela que se arrasta a tantos anos no ITEP.

 

MH – A polícia civil também tem um déficit de delegacias e de delegados. Está sendo feito algum trabalho para que isso vá melhorando?

 

MH – A senhora falou que a deficiência de delegados é de 70%. Situação pior são de escrivãs, que passa de 80%. Os concursados que estão fazendo o curso não passa nem perto de atender à necessidade. Tem previsão de concurso?

Já há uma autorização do tribunal de contas e do governo do estado para que urgentemente a gente faça um concurso público para repor. Sabemos do problema de delegados e agente, mas o problema com o escrivão é gritante. Chega a 80% de déficit. É uma categoria que está muito sofrida em razão do pouco número de profissionais e por ser uma atividade fundamental na delegacia. Nós temos dois escrivãs na Assembleia Legislativa e já oficializamos ao poder legislativo que nos devolva esses dois profissionais que nos fazem muita falta, tem um no tribunal de contas também, que a gente suplica que seja devolvido. São apenas 3, mas que fazem uma diferença muito grande no nosso efetivo diante de uma deficiência de 80% no quadro. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros também tem uma deficiência significativa. Então a gente tem que recompor esses quadros efetivos e por isso hoje essa necessidade tão grande de se utilizar das diárias operacionais, que não são todos os policiais que querem usufruir desses recursos. Muitos fazem para ter a polícia na rua, porque esse momento é no sacrifício dos policiais, na hora de seu descanso que ele vai cumprir essa jornada extra de trabalho. E a gente precisa recompor esses quadros para diminuirmos esse número de diárias operacionais que o estado hoje desembolsa.

 

MH – Doutora, sabemos que hoje os presídios estão superlotados, mas além disso eles se transformaram em fábricas de bandidos, onde homens entram lá ruins e saem péssimos, bem piores do que entraram. O estado está trabalhando essa restruturação a partir dos motins de março? Como está se dando esse processo?

KLG – Quero deixar claro que o sistema prisional não interfere na secretaria de segurança. Mas claro que interfere frontalmente o nosso trabalho, porque nos destinamos qualquer instabilidade no sistema prisional, pois a polícia e junto com os agentes penitenciários fazer a proteção e a guarda. Mas a restruturação do sistema prisional está a cargo da secretaria de justiça do estado, que tem a frente o Dr. Edilson e é extremamente conhecedor do tema e pelo que tenho acompanhado, está acontecendo essa restruturação. Mas não basta somente a restruturação no Brasil. Infelizmente o sistema prisional no país é caótico, há uma superlotação, há violação de direitos, enfim ninguém entra no sistema prisional para sair melhor, o que é péssimo. E tratar mal o bandido não é um bom negócio, o bom seria re- socializar e que ele voltasse ao convívio da sociedade com condições. Mas infelizmente essa é uma prática que não acontece no Brasil.

 

MH – Nesta semana aconteceu essa chacina em Itajá, no Vale no Assu, onde 5 mulheres foram assassinadas. Quais as providências que a secretaria está tomando para que crime absurdo como este não venha mais acontecer?

KLG – É lamentável esse fato, onde aconteceu, como aconteceu, são pessoas vulneráveis e estão em um ambiente não propício e que favorece a esse tipo de ação criminosa. Mas a secretaria de segurança junto com a polícia civil e militar imediatamente encaminhou suas equipes para o local, tais como a delegacia de homicídio e a divisão do oeste, e eles estão fazendo um trabalho de acompanhamento e apuração dos fatos. Além disso, a área de inteligência está monitorando toda a investigação. É importante que a população contribua com informações, a polícia sobrevive de informações e por isso é importante que denunciem e que acreditem na polícia, porque com denúncia a gente consegue ter mais eficiência e eficácia.

 

MH – Qual a mensagem que a senhora deixa para essas pessoas que estão com medo de sair ou chegar em casa com medo de assalto?

KLG – É muito difícil e eu compreendo esse pânico. Agora a gente recebe diversas informações e somos obrigados a desmentir muitas delas. Por exemplo, assalto em um barzinho. Houve um assalto e propagam que foi um arrastão, e isso não foi verdade. Pessoas aproveitam uma situação e propagam inverdades. Então é importante que a população se aproxime da polícia, para saber o seu trabalho e que tenha os cuidados mínimos que todo cidadão tem que ter em toda e qualquer cidade do país.

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