Todos os dias das nossas vidas, buscamos consciente ou inconscientemente melhorar. Não nos conformamos com as dores e os males que nos assaltam o cotidiano e desejamos ardentemente encontrar uma condição de vida melhor e mais tranquila. A questão é onde estamos indo buscar o tesouro de paz que instintivamente sabemos que temos como encontrar?
Mesmo quando nos entregamos aos vagos e vazios prazeres do mundo, o fazemos por ainda os considerar necessários e fonte de algo útil que não percebemos nesses momentos que não existem. Voltamos a procurar fora a cura para a carência, para o medo e para o cansaço. Contraditoriamente, sem percebermos estamos na verdade acumulando mais necessidades, incompreensões perturbadoras e esgotamentos para nossas forças.
Não tarda e começamos a ver que os disfarces e ilusões são uma fumaça que desaparece por mais leve que seja o sopro que tenhamos condições de projetar para dissipá-la. Desfeita a névoa que fechava a nova estrada, conseguimos o prazer de desbravar o verdadeiro caminho iluminativo que deixa de somar conflitos. Passamos então a exercer a atitude de cura dos conflitos que deixamos para trás nessa ou em outras existências.
Por isso a benfeitora espiritual Joanna de Angelis propõe alterações profundas que substituam os pensamentos e comportamentos destrutivos a fim de finalmente gerar as novas satisfações emocionais tão procuradas. É dessa forma que vamos dos distanciando da herança dos instintos e dos vícios das paixões que nos negamos perceber durante todo o tempo de inércia.
Em modificando a força motriz da vida, o ser que começa a modificar seus hábitos começa também a vivenciar novas situações que apontarão também novas dificuldades. Se antes parecia rodeado de cumplicidade, a renovação faz surgir um novo tipo de solidão resultante da própria busca de modificação interior.
Nos meios antigos em que estávamos inseridos podemos passar a não ser mais tão bem vistos e quistos, porque a transformação para o bem assusta e afasta aqueles que na verdade se afinavam unicamente com os nossos defeitos. Inevitavelmente, então, ao passo que nos distanciamos dos nossos vícios, nos distanciamos no mundo material e também no mundo espiritual daqueles “amigos” que apenas encontravam conosco a buscam por similar afeição destruidora. Dessa forma talvez não fossemos nós também os amigos que desejávamos ser, por isso é imperativo compreender que perante atitudes novas, muitos “Agridem por que já não participas do banquete toxico dos gozos”, esclarece na obra Liberta-te do mal, psicografada por Divaldo Franco.
Joanna de Angelis também deixa claro que nossa necessidade de reconstrução poderá inclusive passar pela reformulação de novos laços de afetividade em que encontraremos, ou reencontraremos também, aos que se afinam com a vontade de melhorar e progredir. Ajudar-se é ajudar ao mundo. “Quando alguém ascende do vale de amarguras, toda a humanidade eleva-se com ele. Mas também quando se tomba no abismo do crime e da crueldade, a sociedade resvala nos fundos poços de volta ao primitivismo”.
Mirella Ciarlini