Em entrevistas publicadas no fim de semana, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reconheceu a ligação com as contas bancárias na Suíça. Argumentou que o dinheiro é de origem lícita, movimentado por "trusts" e que ele não é dono dos recursos mas somente beneficiário dessas entidades que administram o patrimônio.
As explicações dadas por Cunha não convenceram deputados da oposição nem da base governista e dividiram os integrantes do Conselho de Ética da Casa. No entanto, o peemedebista disse que tem absoluta convicção de que seus argumentos vão comprovar que ele não mentiu à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, quando negou ter contas no exterior.
O deputado carioca informou ainda, que deve apresentar ao Conselho de Ética da Câmara parte de sua defesa antes mesmo que o relator, deputado Fausto Pinato (PRB-SP), publique o relatório preliminar sobre o processo que pode resultar na cassação de seu mandato.
Ontem (09), Cunha afirmou que o deputados só poderão começar a julgar seu processo a partir do momento em que a defesa for apresentada. "Não estou preocupado com o clima, chuva, sol, vou continuar presidindo a Câmara", respondeu sobre a situação no Legislativo.
Avaliação
Tanto parlamentares da oposição quanto governistas avaliaram que a defesa apresentada pelo presidente da Câmara é inconsistente e defendem que Cunha deixe a presidência da Casa.
O líder da oposição, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), começou a construir uma oposição com tucanos, DEM e PPS para tentar forçar a saída do investigado. "Se tem um conjunto de deputados não permitindo que se vote, obstruindo, não preside mais", afirmou Araújo, que até então não cobrava o afastamento de Cunha.
O deputado Wadih Damous (PT-RJ) disse que o partido vai votar de acordo com as provas a serem obtidas pelo COnselho de Ética. "A afirmação de que a titularidade não é dele é uma tecnicidade irrelevante do ponto de vista da ética. Ele é o beneficiário. Está tentando construir uma narrativa", afirmou o parlamentar.
Já o Palácio do Planalto, foi cauteloso ao comentar a estratégia de defesa antecipada apresentada por Cunha. "O governo espera que o Brasil possa caminhar com estabilidade política; evidentemente, sem estabilidade política fica muito difícil aprovarmos medidas ecônomicas necessárias para o crescimento do país, declarou Edinho Silva, ministro da Comunicação Social.